Anora
Título Original
Realizado por
Elenco
Sinopse
Ver sessõesA vida de Anora Mikheeva (Mikey Madison), uma jovem "stripper" cheia de sonhos, muda radicalmente quando conhece Ivan Zakharov (Mark Eydelshteyn), que se apaixona por ela e lhe pede a mão em casamento. Depois de uma breve cerimónia em Las Vegas, os dois vivem momentos de pura paixão e entrega. Mas ele é filho de uma poderosa família de oligarcas russos e quando as notícias chegam aos ouvidos do pai e da mãe, eles decidem viajar até Nova Iorque para pedir a anulação do casamento e levarem Ivan de volta ao seu país.
Merecedor da Palma de Ouro na edição de 2024 do Festival de Cinema de Cannes, esta comédia romântica assinada pelo norte-americano Sean Baker (Tangerine, The Florida Project), conta também com as actuações de Yura Borisov, Karren Karagulian, Vache Tovmasyan e Aleksei Serebryakov. PÚBLICO
Críticas Ípsilon
Anora, Palma de Ouro em Cannes: conto de fadas moderno que bebe dos clássicos certos
Transportado pela energia desesperada de uma actriz que soube agarrar o seu papel, Anora é uma Palma de Ouro perfeitamente merecida. Estreia-se quinta-feira em Portugal.
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Cinema Fernando Lopes, Lisboa
19h15 -
Cinemas Nos Amoreiras, Lisboa
21h50 -
UCI Cinemas - El Corte Inglés, Lisboa
13h40 -
Cinema City Alvalade, Lisboa
21h45
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Cinemas Nos Amoreiras, Lisboa
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UCI Cinemas - El Corte Inglés, Lisboa
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Críticas dos leitores
Anora
Fernando Oliveira
Anora, quer que lhe chamem Ani, é uma stripper num clube em Brooklyn. Porque fala russo, uma noite vai sentar-se na mesa de Ivan, filho de um oligarca russo a esbanjar dinheiro nos EUA, uma lap dance nessa noite, uma noite de sexo na luxuosa residência dos pais dele, outros encontros com muito sexo, muitas drogas, muito álcool, sempre em festa, engraçam um com o outro, uma viagem a Las Vegas, num impulso de menino mimado, casam-se.
Até aqui o filme é uma comédia turbulenta mas também amarga porque sabemos que as histórias de encantar são devaneios. Ani e Ivan vivem a sua história com alguma malicia, ela encena um desejo, uma possibilidade de fuga, ele é um gaiato feliz com um novo brinquedo.
Depois os pais de Ivan sabem do casamento, e quando três homens, imigrantes arménios, são enviados à casa de Ivan para obrigar Ani a divorciar-se de Ivan o filme torna-se violento, mas Sean Baker dilui essa violência num burlesco azedo, mais delirante ainda quando o filme se torna numa espécie de contra-relógio: Ivan foge quando sabe que os pais estão a chegar, e Ani e os três homens têm de o encontrar e “resolver” a situação até essa altura.
Ani, determinada, agarra-se ao sonho com unhas e dentes, a urgência e o medo levam os três homens a cair no ridículo… Mais uma vez Sean Baker olha para os mais marginalizados da sociedade americana e confronta-os com os outros; o desenrascanço singelo dos primeiros e a indiferença e a crueldade dos outros. E, neste filme, os outros que são os que tudo e todos compram e depois deitam fora, os obscenamente ricos.
Mas o filme olha para os seus personagens com ternura, todos eles nos são mostrados com muita graça. Ani (Mikey Madison, deslumbrante) tem aquela tristeza suave de quem quer acreditar num final feliz e ao mesmo tempo sente a angústia de quem se sente a ser puxada para “baixo”, e Igor (Yura Barisov, o Lyokha de “Compartimento nº6”) é um personagem tão inacreditável como perturbante.
E há outra coisa extraordinária em “Anora”: Sean Baker deixa que a ficção seja encharcada pela Brooklyn real, aquele clube existe, as strippers são mesmo strippers; as lojas, os restaurantes, as pessoas são reais. Esta verdade cenográfica dá ao filme uma sinceridade, um mergulho no realismo que foge à história de encantar, dá-lhe uma “verdade” que é rara.
E naquele fim que nos faz estremecer, daqueles que ardem cá dentro, quero acreditar que há uma possibilidade de amor para Ani, um amor imenso. E porque o filme nos fala da “venda” do corpo e da alma, sem preço: nem o de um anel com um diamante de vários quilates. Um belo filme triste. (em "oceuoinfernoeodesejo.blogspot.com")
O lado errado da noite
Nazaré
Excelente narrativa, excelente a protagonista (Mikey Madison), excelente todo o elenco, excelente a realização e produção. O tema das trabalhadoras do sexo (também dos) é sempre marginal, inconveniente, subterrâneo. Mas elas são o que são porque a sua profissão a isso obriga; na realidade vivem num limbo emocional onde os sonhos que possam ter estão como que adormecidos. Nesta fita a protagonista, que após casar com o menino rico começa a acreditar que pode deixar tudo isso para trás e ser aquilo que "sonharia" ser, vê-se obrigada a reprimir tudo e pensar, como sempre, apenas na sua sobrevivência. É muito duro, de facto. O que a fita tem de mais notável é envolver este tema numa narrativa intensa, embora bastante simples, que entretém eficazmente, mas sem deixar de mostrar, a quem queira ver, o que é para estas mulheres "andar na vida". E é essa honestidade, superlativamente trazida à superfície na derradeira cena, o que eu mais apreciei. Por falar nisso, o discreto Yura Borisov, que já conhecia de outro filme muito interessante (Compartimento Nº 6), é um actor mesmo à parte. Aqui tem o papel aparentemente secundário de "gorila", uma personagem cuja humanidade contrasta com tudo o resto que vemos e através disso acaba por merecer um destaque de primeiro plano. De certeza que há muitas outras actuações preciosas dele a descobrir.
2 estrelas
José Miguel Costa
Anora é uma irreverente jovem trabalhadora de sexo num clube em Brooklyn. Certa noite calha-lhe em sorte fazer uma lap dance privada para uma mimada e inconsequente criança crescida ultra-milionária (com 21 anos) que esbanja o dinheiro dos paizinhos (temíveis oligarcas russos), como se não houvesse amanhã, enquanto se encontra de férias nos States.
Como o novo brinquedo lhe causou "emoção", convida-a (a troco de 10000 dólares, que o preço do babysitting está pela hora da morte) para compartilhar consigo uma semana de farra desbragada. A meio desse período decide brincar aos casamentos com a dita cuja em Los Angeles.
E aí é que a porca torce o rabo, pois os papás ao descobrirem tal acto de tresloucada impulsividade, colocam na sua alçada um grupo de três capangas fofinhos com o objectivo de obrigar a dama a anular o matrimónio.
Pareceu-vos a sinopse de um filme para adolescentes com acne? Se assim pensam, deixem que vos diga que esta insana comédia dramática (que adopta o nome da sua "Cinderela dos tempos modernos" para titulo) valeu ao seu realizador (Sean Baker) a Palma de Ouro no Festival de Cannes, bem como tem deixado a generalidade da crítica cinematográfica especializada a babar-se por, alegadamente abordar subliminarmente, com elaboradissiiima ironia, as temáticas da luta de classes e desigualdades sociais.
Todavia, continuo entrincheirado no lado da barricada dos incultos, já que não consegui captar nada para além de uma linear história superficial/infantilizada povoada por personagens histéricos (e tal opinião até a mim me soa como heresia, dado estar a referir-me ao realizador do magnífico "The Florida Project").
Vertiginoso "drama de acção"
Martim Carneiro
Imersão desassombrada no universo do sexo pago, e na realidade hiper luxuosa, destravada, autoritária e sem escrúpulos de "gente que não sabe o que há-de fazer ao dinheiro": eis e um filme cru, vertiginoso, uma espécie de drama de acção, muito bem escrito, interpretado e realizado!
Não percebo...
Johnny
... Toda a hype à volta deste filme. Uma cinematografia de lana-caprina, história trivial e completamente previsível a partir do meio do filme, personagens sem espessura, performance dos a tores nada de especial, como uma telenovela brasileira de baixo nível. Este pós- modernismo não me diz grande coisa.
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