Os críticos do Público são tão contraditórios que fomentam a curiosidade. Têm ambos razão. O argumento é ideologicamente básico, caricaturando o fascismo por uma forma que quase o infantiliza. Porém estruturalmente radical na abordagem dos fenómenos de massas: tudo começa com um leve tambor e acaba a ribombar como um trovão. O ponto de partida é - ainda - a má consciência da Alemanha quanto ao seu passado nazi. O percurso faz-se numa escola secundária em que os alunos trabalham um projecto em abordagem filosófica e sociológica, no caso com o tema Autocracia. O ponto de chegada fica algures entre os fenómenos de identificação dos jovens - com o confronto entre os que privilegiam o "self" e os que são fortes em grupo - e a violência de massas. O fascismo não é isto? Não. Mas alguém no cinema dos últimos anos soube actualizar o olhar sobre os fascismos como nesta "Onda"? Não. Vê-se como um filme de acção, sendo uma peça ideológica.

É paradigmático como um mesmo filme consegue gerar duas críticas tão díspares. Eu gostei do filme. Ponto final. De acordo com os meus padrões achei a premissa interessante e o desenvolvimento dela nunca me soube a pouco. O que defini com exactidão é que nunca devemos ler os críticos antes de ir ver um filme. Devemos nós mesmos definir a nossa posição sobre o filme de acordo com os nossos padrões estéticos e não de acordo com o que algum pseudo-intelectual nos diz sobre o mesmo.