A Baía dos Anjos
Título Original
La Baie des Anges
Realizado por
Elenco
Críticas dos leitores
A baía dos anjos
Fernando Oliveira
As duas primeiras longas-metragens de Jacques Demy (“Lola” em 1960, e este “A Baía dos Anjos” em 1963) foram realizadas numa altura em que as inquietações e ousadias formais e narrativas da nouvelle Vvgue começavam a causar estremecimentos, e logo uma revolução, na linguagem do Cinema. Mas Demy foi também um sonhador, habitava nele uma enorme melancolia, uma saudade das emoções sublimes do melodrama clássico americano. No seu cinema coexistiam tanto o atrevimento experimental, uma enorme imaginação e um romantismo intrinsecamente cinematográfico. O realismo e o maravilhamento de mãos dadas. E se estes dois filmes caem para o primeiro lado, a seguir nos seus filmes eles enleiam-se: “Os Chapéus-de-chuva de Cherburgo”, “As Donzelas de Rochefort”, etcetera. A seguir chegou o cinema “em-cantado” do realizador. São as mulheres o centro do Cinema de Demy, julgo que acreditava que são elas que mais intensamente se abandonam ao peso imenso e desgastante das paixões, do amor, mesmo quando parecem duvidar da possibilidade de um final feliz. Como a personagem principal de “A Baía dos Anjos”, Jackie (uma interpretação excessiva de Jeanne Moreau) perdida e aniquilada pela adição ao jogo nos casinos do sul de França, presa no vício, e que se agarra à atracção que um jovem bancário, iniciado no jogo, sente por ela para tentar uma fuga que a realidade vai sempre negando. Com tema de Michel Legrand a enrolar e a enrolar, a pronunciar que o amor pode não ser mais forte que o vício, que o amor pode não ser suficiente para salvar. Neste filme salva, mas numa nota dissonante, um inesperado impulso de Jackie. Um belo filme.
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