//

Sentimento

Imagem Cartaz Filme
Foto
Votos do leitores
média de votos
Imagem Cartaz Filme
Foto
Votos do leitores
média de votos
Guerra, Drama 117 min 1954 M/12 21/07/2000 ITA

Título Original

Senso

Sinopse

"Sentimento" é uma obra-prima de Luchino Visconti que narra o amor trágico de uma aristocrata por um soldado oportunista, em conturbado fundo de efervescência política na Itália do fim do século XIX. Visconti expõe neste filme a decadência da classe aristocrática. Allida Valli é estonteante como a sua paixão, enquanto deambula perdida de dor na noite veneziana, e Stewart Granger é filmado como um Apolo canalha. A ópera dos sentimentos consiste na passagem de um a outro — paixão, desprezo, tristeza e ódio — até à explosão final, onde todos desembocam num único caudal. Esmagador. PÚBLICO

Críticas dos leitores

Sentimento

Fernando Oliveira

Passaram onze anos entre o seu primeiro filme, “Obsessão” de 1943, e este “Senso” realizado em 1954. Onze anos entre o filme que nomeou o neo-realismo no Cinema italiano, e o sublime artificio deste melodrama. Com uma vida normal de um jovem rico e com pretensões intelectuais, foi a amizade com Jean Renoir na Paris dos anos 30 que lhe despertou o interesse pelo Cinema: primeiro como critico, e depois como realizador adaptando para o seu primeiro filme o romance de James M. Cain, “The Postman Always Rings Twice” (objecto de pelo menos mais duas adaptações importantes: uma por Tay Garnett nos anos 40, com Lana Turner; e mais recentemente por Bob Rafelson, com Jessica Lange e Jack Nicholson), com que causou as mais extremas reacções na Itália fascista de Mussolini.

Até “Senso” realizou ainda “A terra treme” em 1948 (e este, sim, é o exemplo mais importante do neo-realismo) e “Belíssima” em 1951 (porque admirava Anna Magnani, contratada para protagonista, e este é verdadeiramente um dos filmes onde ela é mais magnífica). Quando em 54 apresentou “Senso” no Festival de Veneza, foi imensa a perplexidade causada por este extremado melodrama que conta o amor e paixão que a condessa veneziana Lívia Serpieri sente pelo tenente austríaco Franz Mahler. Um realizador até aí condicionado pelas regras do neo-realismo (ou apenas realismo, como Visconti gostava) e pelo humanismo de Jean Renoir atrevia-se a criar uma obra excessiva, onde a sua paixão pelo teatro e pela ópera, originou um dos mais delirantes, mesmo demencial, e artificiosos melodramas da longa história do Cinema. E sublime.

Na década de sessenta do século XIX, durante os últimos meses da ocupação austríaca do Veneto, a condessa, simpatizante activa da causa independentista, primeiro confronta o tenente para depois se apaixonar loucamente por ele. Um amor de perdição, como ditam as regras. E se é um melodrama, drama e música, e se o teatro e a ópera são as influências maiores, então é no palco e com música que começa, numa das mais magníficas aberturas de um filme de que me lembro. No palco canta-se e interpreta-se o III acto de “Il Trovatore” de Verdi, durante grande parte do genérico é apenas isso que vemos; depois Visconti faz descer a câmara até ao ponto de vista de Manrico (personagem da ópera) e vemos então a plateia e os camarotes repletos de gente; acontece então o acto de revolta que vai levar a condessa a conhecer o tenente inimigo.

A enorme genialidade de Visconti é a de que a partir deste momento transpõe os códigos emocionais desta(s) arte(s) de palco para as regras e convenções do melodrama sem que o filme deixe de ser um exemplo puro de Cinema. Veja-se o reencontro dos amantes e o passeio nas ruelas juntos aos canais de Veneza com a música de Bruckner como banda sonora; veja-se o outro reencontro na propriedade da condessa nos campos de Itália; vejam-se os movimentos dos exércitos nas batalhas que de tão absurdos parecem os movimentos dos figurantes nas encenações operáticas; veja-se o dramático encontro final quando Lívia se apercebe da baixeza e cobardia de Franz; veja-se o deambular enlouquecido dela, depois de entregar o tenente ao pelotão de fuzilamento e de se aperceber do trágico das suas escolhas, incapaz de viver com ou sem o seu amor por ele, o seu grito…

É esta combinação entre as tragédias dos personagens e os acontecimentos da História de uma nação, entre os momentos que definem cada um e o sentir de um povo, que fazem de “Senso” um filme único, representante máximo de um Cinema que acredita no excesso dramático, mas que lê as personagens na alma espelhando nos seus olhos as intensidades dos seu estado. Arrebatador. É por isso também um filme de, e para, uma actriz: Alida Valli, com uma representação tão excessiva como o próprio filme, a mulher que acredita acima de tudo no amor, que por ele tudo renega (a família e a moral convencionada, a fidelidade à pátria e a às causas, a própria sanidade), tão capaz de transmitir a compostura rígida da sua classe social como a mais palpitante carnalidade. Extasiante. Onze anos passaram entre “Obsessão” e “Senso”, dois filmes que parecem muito diferentes. Vendo bem, talvez não: são dois filmes sobre transgressões românticas que conduzem à loucura e à morte. Absolutamente genial. (em "oceuoinfernoeodesejo.blogspot.com")

Continuar a ler

Sentimento

Maria José Nobre de Sousa

Dramático, apaixonante pela causa da liberdade e chocante pela degradação humana. Guerra, liberdade, paixão, decência entrecruzam-se de uma forma avassaladora.
Continuar a ler

Envie-nos a sua crítica

Preencha todos os dados

Submissão feita com sucesso!