Embora não seja o seu último filme, este é certamente o "testamento" de Visconti, que detestou o título que lhe foi imposto em França e que dali seguiu para vários países, como Portugal (o título inglês, que o realizador apreciava, é "Conversation Piece"). Vítima de um derrame durante a montagem de "Ludwig", Visconti parece ter querido fazer com este filme uma súmula dos seus últimos anos, um adeus à vida, quase uma justificação de si mesmo. É difícil não ver no protagonista (um professor erudito que vive num apartamento cheio de objectos de arte e cuja vida é invadida por uma estranha família) um alter ego do realizador, dividido entre a reclusão no seu mundo e os apelos do mundo exterior. Retrospectivamente, "Gruppo di Famiglia" é também uma espécie de "Europa 74", com o seu grupo de personagens reclusos que sintetizam as classes dominantes do continente.<p> </p> Texto: Cinemateca Portuguesa