Vale a pena ir ver
Ivo MIguel Barroso
<p>Comédia romântica, com laivos de drama.<br /><br />O filme começa com duas situações contrastantes: um divórcio, pedido pela esposa ao marido: um casal em crise de meia idade, e um engatatão a seduzir mulheres num bar.<br /><br />Esse engatatão (Jacob - Ryan Gosling), ao ver a situação miserável de Cal, faz-lhe uma proposta (fica sem se saber porque o terá feito, talvez porque alguém tenha feito o mesmo com ele, em tempos):<br /><br />Propõe-se torná-lo muito atraente (desde logo, em termos de roupa) e sedutor.<br /><br />Amores trocados.<br /><br />Poderia ser uma comédia de Shakespeare, se os diálogos fossem outra coisa (i.e., poéticos).<br /><br />Está bem apanhado, designadamente o contraste entre um homem, prestes a divorciar-se, com 25 anos de casamento, que apenas tinha conhecido uma mulher na vida, aos 15 anos, e um sedutor, do género Don Juan, que possui fortuna e, basicamente, tem uma vida de "playboy", a engatar raparigas (utilizando as mulheres como objecto do seu desejo, um meio para alcançar um fim, e não vê-las como um fim em si mesmo - vide o diálogo em que ele diz que "Os homens já venceram. Mas têm de mostrar apreço pelas mulheres e mimos").<br /><br />Todavia, depois de Jacob tornar Cal num sedutor, este não se sente feliz, por não estar com a esposa, a sua "alma gémea".<br /><br />Por seu turno, Jacob acaba por se apaixonar, algo que não estava nos seus planos.<br /><br />É comovente, bastante romântico.<br /><br />O contraste entre a ideia de amor romântico e total, com o desespero do amor não correspondido, em que a pessoa acaba por dizer que "o amor não vale nada" ("Leitmotiv" do filme).<br /><br />O filme talvez tenha demasiadas coincidências: a professora de inglês que faz amor com o pai do filho que era seu estudante (e que, depois, são descobertos pela esposa), o engatatão "professor" enamora-se da filha do amigo ensinando.<br /><br />Mas essas coincidências não são completamente fora do que seja possível suceder, ou seja, não sai de forma escandalosa da inverosimilhança.<br /><br />Representação dos actores: quase todos bastante bem, muito naturais na representação (nem parece que estão a representar, o que é o melhor indício de uma boa representação): talvez o melhor, Ryan Gosling (muito melhor do que em "Blue Valentine, encarna muito profissionalmente o papel do perfeito sedutor), Steve Carrell, Julianne Moore (ligeiramente abaixo do que esperava), Kevin Bacon (bem, mas num papel bastante secundário), Ema Stone (talvez por esta ordem).<br /><br />Até mesmo o miúdo, giro, sardento, esteve bastante bem<br /><br /><br /><br /><br /><br />Vale a pena ir ver e rever.<br /><br /><br /><br />Nota: 16,5 (se, não o argumento, mas o guião tivesse ido mais longe, poderia atingir o nível de uma obra de Shakespeare, como "Sonho de uma noite de Verão". Todavia, como isso não sucede, não pode ter a nota de Muito bom (18)).</p>
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