Simplesmente brilhante... Não me lembro de filmes muito melhores.

Sempre fui fã de Ben Affleck como actor e tornei-me fã dele como realizador com o filme “Gone Baby Gone”. O filme “The Town” mostra o grande potencial de Ben Affleck como realizador, é um filme que me surpreendeu, não só pela acção envolvente em relação a assaltos de bancos, mas também pelas personagens e de um tema muito importante: as pessoas que crescem bastante próximas umas das outras, como se fosse uma comunidade, nunca abandonam ou atraiçoam umas às outras e este filme mostrou isto, mesmo que sejam criminosos, não traem aqueles que consideram amigos e companheiros. Gostei muito do final, acho que foi muito merecido, visto que as pessoas podem e merecem mudar de vida, nomeadamente quando é de mal para melhor; também apreciei muito como este filme referia coisas pequenas e que cativam a atenção dos espectadores: a frase que Claire diz a Doug quando o FBI está na casa dele, as antenas do FBI nos carros, o que Claire fez com o dinheiro que Doug lhe deixou, a verdade por detrás da mãe de Doug e muitas outras. Além da realização de Ben Affleck, destaco a interpretação de todo o elenco, nomeadamente a de Jeremy Renner e a de Rebecca Hall. Este filme surpreendeu-me, deixando-me muito satisfeito com o facto que existem pessoas que, quando fazem filmes de acção, mostram que há muito mais do que sangue, tiros, mortes, violência e crimes.

Quero em 1.º lugar esclarecer que não aprecio muito este actor, mas quando uma pessoa assim, que a maioria considera mediana se excede, temos de reconhecer esse facto, caso contrário estaremos a ser snobs ou preconceituosos. Affeck está muito bem no papel, e rodeado de grandes actores. Mas o melhor do filme é a sua realização, simples (no bom sentido) e competente, dando mesmo espaço para quase todos os actores brilharem, e já agora, algo que cada vez é mais raro, sem recorrer a exageros. Aliás, algo que me agradou muito foi o grande realismo deste filme. Ele é tão bom que quase merece ser comparado ao grande "Heat", de Michael Mann. Existem algumas semelhanças entre ambos mas, sem chocar, cada um segue o seu caminho. Já que os críticos vão, como é óbvio, dar uma nota reduzida, aqui fica a minha, 4 em 5 (no IMDB está em 8/10). Quanto ao filme português, omg, como é possível escrever um argumento tão mau... Bem, pelo menos é curto em palavras, mas mesmo analisando o restante, é tão pobre, que até dá para (infelizmente) rir.

Queria apresentar a minha indignação pelo facto de além de termos de levar com publicidade no cinema, levarmos ainda com mini-filmes particularmente horríveis como a que passou antes deste filme. Se pagamos para o filme, não percebo porque na impigem outras coisas. E não entendi bem qual foi a intenção da curta-metragem. Se foi para "obrigar" as pessoas a gostarem de filmes portugueses, acho que o efeito foi contrário, porque infelizmente aquele foi uma chachada à portuguesa, fazendo com que as pessoas perdessem ainda mais a vontade de ver filmes portugueses. É triste ver que, em vez de fazer para evoluir, faz-se ao contrário.

Excelente filme. Aconselho vivamente!!!

Affleck regressa após “Gone Baby Gone” à cadeira de realizador que acumula com a função de argumentista e protagonista do seu novo filme “The Town” (“A cidade”), um thriller/heist movie “romântico” sobre um ladrão que se apaixona pela sub-gerente de um banco durante um assalto. “The Town” vê-se com agrado mas não está ao mesmo nível de “Gone Baby Gone”. Adaptação do livro de Chuck Hogan “Prince of Thieves”, “A Cidade” é um filme bem conseguido com uma interessante adição ao típico filme do género pela forma como o romantismo faz parte da sua composição. Affleck interpreta o ladrão que se apaixona pela personagem de Rebecca Hill e os dois trazem ao grande ecrã uma química sub-reptícia não muito habitual. Mas Affleck e Hill não estão sozinhos e não podemos deixar de referir o excelente elenco do filme que inclui participações de p. ex. Chris Cooper. A realização de Affleck não e magistral mas é suficiente para provar que Affleck consegue levar a bom porto um filme onde é ao mesmo tempo argumentista/actor/realizador. “The Town” não é um excelente filme mas tem suficiente qualidade a justificar uma ida ao cinema.**