Inquietante!
João Curado
<p>Os acontecimentos passam-se nos finais da década de 70 e início de 80 e o core da acção tem lugar em Teerão, Irão.<br />Quando uma multidão descontrolada, estimulada por fundamentalistas, invade a embaixada norte-americana em Teerão, o pânico instala-se. São feitos reféns todos os trabalhadores e associados, excepto 6 trabalhadores de nacionalidade americana que conseguem escapar. O maior dos problemas neste momento, por estranho que pareça, não é a existência de reféns. Os "Terroristas" e captores conseguem aceder aos dados da embaixada e percebem que faltam diplomatas. Entretanto estes já se encontram ao abrigo do Estado do Canadá na sua embaixada, ficando agora o seu futuro nas mãos do nosso contador de histórias.<br />Ben Affleck, realizador e personagem principal do filme interpreta o papel de Tony Mendez, um agente da CIA que tem como missão fazer-se passar por produtor de Hollywood e resgatar os diplomatas americanos disfarçados de equipa de produção de um filme. Apesar de parecer uma história pouco possível, este filme é baseado em factos reais e praticamente todas as personagens do filme existiram.<br /><br />O filme arranca com uma introdução, contextualização da época passada e dos anos anteriores aos acontecimentos retratados. Também ainda no primeiro acto temos a tomada de posse da embaixada pelos rebeldes, cenas que nos deixam beber um pouco daquilo que iremos sentir ao longo do filme, uma inquietação constante que dificilmente deixa o coração abrandar. Ben Affleck mostra mais uma vez a sua grande capacidade enquanto Realizador. Das 3 longas-metragem que realizou, esta é a que destaco como mais capaz. Os seus anteriores trabalhos, Gone Baby Gone (2007) e The Town (2010), apesar de serem bastante bons, não atingem o espectador, desta forma tão perspicaz e ao mesmo tempo tão assustadora. Esta história está perfeitamente contada e aquilo que é capaz de fazer é admirável. Durante a extracção dos fugitivos, que dura parte do 2º acto e 3º quase por completo, o espectador vê-se num estado de inquietação e quase sufoco claustrofóbico.<br />Aquém da capacidade de contar historias, ficou a capacidade de criar uma relação/afecto pelas personagens. Não é conseguido no filme que o espectador tenha qualquer ligação com a personagem, apesar de obviamente se querer o bem e o melhor para todos, não há background emocional ou característico das figuras. No entanto, e é engraçado neste filme, existe sempre uma sensação de humildade e humanidade presentes, não pelas personagens em si, mas pelas pessoas que representam, por revelarem um cidadão a temer pela sua vida.<br /><br />A construção do filme, a fotografia e o argumento são os pontos mais fortes deste filme que para além de Ben Affleck conta com a participação de Bryan Cranston e Alan Arkin, este último a meu ver, o melhor actor em cena e um possível candidato algumas nomeações no próximo período de prémios. Contudo há algumas falhas que se prendem com edição, banda sonora desenquadrada e cenas menos bem conseguidas. Não deixando, no entanto, que o filme deixe de ser uma boa obra e a confirmação de que o talento de Ben Affleck enquanto realizador caminha por um rumo diferente da sua carreira enquanto actor.<br />????/5<br /><br />João Curado</p>
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