A desaparecida
Gonçalo Sá - http://gonn1000.blogspot.com
Assinalando o regresso de Jodie Foster ao grande ecrã, "Flightplan – Pânico a Bordo" é a segunda longa-metragem do alemão Robert Schwentke e propõe uma interessante, mas desequilibrada, experiência cinematográfica carregada de "suspense" e mistério e centrada num voo atribulado. Foster interpreta uma engenheira cujo marido faleceu há poucos dias e prepara-se para transportar o seu corpo de Berlim para Nova Iorque, viajando num novo e aperfeiçoado modelo de avião que ajudou a criar. Os problemas começam quando, depois de um início de voo aparentemente pacato, a protagonista se apercebe que a sua pequena filha, que viajava consigo, desapareceu.<BR/><BR/>Apesar dos esforços para encontrar a criança, empreendidos pelos comissários de bordo, esta continua sem dar sinal de vida, e a situação torna-se ainda mais inquietante quando os registos indicam que a mãe entrou no avião sozinha e que nenhum dos tripulantes se lembra de ter visto a menina.<BR/><BR/>Com um mote propício a atmosferas de claustrofobia e desespero, "Flightplan – Pânico a Bordo" desenrola-se, inicialmente, de forma escorreita e absorvente, e o desenvolvimento da acção consegue manter uma narrativa intrigante q.b.. Infelizmente, aquele que parecia ser um "thriller" inspirado vai perdendo o fôlego no último terço, terminando com um desenlace que, não sendo miserável, também não é o mais satisfatório. Acumulando múltiplas situações inverosímeis e demasiado convenientes para o argumento, "Flightplan – Pânico a Bordo" acaba por ser um filme competente, mas rotineiro, com uma tensão dramática por vezes forçada e uma resolução que reduz o impacto de alguns momentos prévios.<BR/><BR/>Jodie Foster apresenta um desempenho seguro, ainda que repita os traços da personagem que encarnou em "Sala de Pânico", de David Fincher, filme ao qual, de resto, "Flightplan – Pânico a Bordo" retira diversas ideias (a estrutura é bastante semelhante, mas em vez de num apartamento a acção decorre agora num avião). Peter Sarsgaard e Sean Bean são presenças igualmente fortes, mesmo que a lógica formatada do filme não lhes permita desenvolver muitos as suas personagens.<BR/><BR/>Para além disto, o que fica desta película é a banda sonora de James Horner, algumas sequências bem trabalhadas e com uma angústia palpável, assim como um ou outro momento de inspiração da câmara de Schwentke. No geral, um entretenimento aceitável, mas ainda não foi desta – nem no recente "Red Eye", de Wes Craven – que os filmes de "suspense" em aviões conseguem voltar a levantar voo. 2,5/5 - Razoável.
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