O roteiro do filme parece mais extraído de um livro de auto-ajuda: Donna Jensen (Gwyneth), infeliz garota do interior, sonha em ser alguém e levar o estilo de vida glamouroso de aeromoças de voos internacionais. Para chegar a esse ponto, pensa positivo, repete sua ambição em frente ao espelho e estuda sem parar, decorando cada parágrafo dos manuais produzidos por John Whitney (Mike Myers), atrapalhado instrutor da escola de comissários de bordo. Politicamente correcta e sem malícia, a personagem segue enfrentando traições e amores perdidos. Afinal, o que se ensina é a perseverança frente aos obstáculos. Não deixa de ser no mínimo estranho que o realizador brasileiro Bruno Barreto erre a mão tão violentamente. A história é bastante simples e relativamente fácil de vender, ainda mais para as mãos experientes do cineasta, responsável por 15 filmes, entre eles “Dona Flor e Seus Dois Maridos”(1976) e “O Que É Isso, Companheiro ?” (1997). Em sua defesa, pode-se alegar a pesada mão do estúdio interferindo drasticamente no roteiro original, tal como o próprio Barreto alardeou em jornais brasileiros. “Altos Voos”, desta forma, não parece ser uma produção muito convidativa. A começar pela crítica de seu próprio realizador. E o que é pior: lê-se em jornais de fofocas que nem sequer Gwyneth Paltrow teria gostado do resultado final. Tudo isso podem ser boatos, mas cria um clima ruim ao redor do filme. "Altos Voos", no entanto, deve agradar ao público feminino jovem, já que confirma os estereótipos e fantasias das mulheres que querem chegar a algum lugar de destaque na vida.