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Olhares Lugares
Título Original
Visages Villages
Realizado por
Sinopse
O que têm em comum Agnès Varda, cineasta de 89 anos, e JR, fotógrafo e "street artist" de 34? Acima de qualquer outra coisa, a paixão pelas imagens. Quando se encontram pela primeira vez, percebem o sentido de um projecto a quatro mãos. Com isso em mente, fazem-se à estrada dentro da carrinha dele, percorrendo os caminhos secundários de França, onde se vão deparando com uma enorme variedade de pessoas e histórias. Os rostos delas são posteriormente convertidos em grandes painéis nas paredes de fábricas, muros ou casas. No percurso, uma amizade terna e quase mágica vai crescendo entre os dois…
Agnès Varda ("Sem Eira nem Beira", "Os Respigadores e a Respigadora", “As Praias de Agnes") e JR ("Women Are Heroes - O Documentário", "Ellis") realizam assim este divertido documentário que arrecadou o prémio "L'Oeil d'Or" no Festival de Cinema de Cannes e que se encontra nomeado para um Óscar na categoria de Melhor Documentário. O filme – assim como as suas personagens –, é acompanhado pela música do cantor, compositor, produtor e guitarrista francês Matthieu Chedid. PÚBLICO
Críticas dos leitores
4 estrelas
JOSÉ MIGUEL COSTA
"Olhares Lugares" é um road movie, em formato de documentário, filmado sob a perspectiva dos "olhares" distintos da (nonagenária) realizadora do movimento Nouvelle Vague Agnès Varda e o fotógrafo/DJ/street artist JR (que à partida "teriam tudo" para ser diametralmente opostos - ou não existisse entre ambos um fosso geracional de 64 anos -, mas que acabam, "dialecticamente", por complementar-se de uma forma comovente, divertida e até poética). <br /> <br />Esta dupla improvável (com uma química e generosidade mútua inesperadas) levou a cabo um projecto artístico (que constituir-se-á também como um "quase" estudo sociológico/antropológico - um autêntico/magnífico "híbrido cinematográfico") que os obrigou a percorrer (num estranho "camião máquina fotográfica") diversas aldeias/vilas da França rural com o intuito de fotografar as vivências/memórias das suas gentes e reproduzi-las em tamanho gigante em galerias a céu aberto. Revelando, deste modo, o "PODER DAR IMAGENS" num mundo cada vez mais global/"imediato" e, simultaneamente, demonstrando (através do seu exemplo - embora nunca o verbalizem, tal é intuído) que a criação artística não pode ter qualquer espécie de barreiras (idade, género, intelectuais ...) e deverá ter um cariz democrático e universal.
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Saudades de outro(s) olhar(es)
Luís Graça
Confesso que já tinha saudades do cinema francês, do bom cinema francês, em francês... E esta dupla (Agnès Varda / JR) ajudou-me a matar essas saudades, do cinema, do bom cinema, da "nossa" França, ou do melhor que a França tem quando não é "chauvinista"... <br /> <br />Antes de mais, é uma história de grande cumplicidade e ternura entre dois seres humanos maravilhosos, separados por duas gerações: JR é o neto que alguns avós gostariam de ter, Agnès Varda é a avó que alguns netos gostariam de ter... Em comum, humanidade, humor, talento, empatia, criatividade, paixão pela vida, irreverência, sensibilidade socioantropológica, poesia da imagem, às carradas... Coisas, tão elementares, que faltam tanto nos dias que correm... Adorei este "tour de France", longe da grande indústria que fabrica os mitos e os sonhos contemporâneos... <br /> <br />PS - Este é o cinema documental que gosto, de ação & investigação... onde há muito planeamento, e muito trabalho de equipa... O que é surpreendente é que há um fio condutor que nos leva, com um aparente improviso, até à cena final que é das coisas mais lindas que tenho visto nos últimos anos... A ver e a rever.
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Olhares, Lugares
Ana Maria Silva Ramos
Desde a muito distante “Cléo de 5 à 7 “ até ao “Os Respigadores e a Respigadora”, Varda teve sempre um olhar atento ao ser humano na sua fragilidade e força simultâneas. <br />Contudo, esta doçura de uma velhice risonha que continua a VER o que merece ser visto, apesar das limitações da sua visão física, tocou profundamente os meus 77 anos. <br />Filme perfeito desde a música à fotografia, da riqueza dos diálogos que, para amenizar, de onde em onde são brincalhões, até à crítica do “produzir, produzir, produzir “e à chamada de atenção para a Mulher “ao lado“ do Homem e não na sua retaguarda... tudo está na dose certa e apresentado de uma forma inesperada e admirável. <br />Um filme a não perder por quem gosta de bom cinema. <br /> <br /> <br />
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Cinema de olhar humano
Álvaro Fonseca
Um delicado, sensível e bem-humorado documentário-a-duas-mãos (ou antes, dois-olhares) que nos dá a ver o desenrolar do processo de criação e de conhecimento mútuo dos seus dois autores-criadores. Quando a imaginação (e os imaginários) se abrem e se aliam à sensibilidade e atenção ao(s) outro(s), o resultado só podia ser esplêndido. A não perder!
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