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A Vida Luminosa

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Drama 106 min 2025 M/12 26/06/2025 POR

Título Original

Sinopse

Nicolau tem 24 anos e vive em Lisboa com os pais. Consumido por um desgosto amoroso e pela frustração de ver adiado o sonho de se tornar músico profissional, sente-se encurralado num impasse do qual não encontra saída. Mas tudo muda quando descobre que também a mãe – até aí uma figura silenciosa – está profundamente insatisfeita com a sua própria existência. Esta constatação provoca em Nicolau um abalo que o leva a olhar para dentro de si mesmo e a reavaliar a sua vida. Movido por uma necessidade de mudança, Nicolau arranja um emprego, muda-se para uma nova casa que partilha com amigos e encontra uma paixão inesperada, que lhe devolve a sensação de que a vida pode, afinal, ser luminosa.

Realizado por João Rosas ("A Morte de Uma Cidade"), este drama tem Francisco Melo, Cécile Matignon, Francisca Alarcão, Ângela Azevedo, Federica Balbi, Margarida Dias e Gemma Tria nos papéis principais. PÚBLICO

Críticas dos leitores

A vida luminosa

Fernando Oliveira

Nicolau (Francisco Melo) cresceu com os filmes de João Rosas (foi personagem nas curtas “Entrecampos”, “Maria do Mar” e “Catavento”). Neste “A Vida Luminosa” reencontramo-lo no dia do seu vigésimo quarto aniversário. Nicolau anda deprimido desde que a namorada, a Inês, o deixou há um ano.

A vida não anda nem desanda, ainda vive em casa dos pais, não quer relacionamentos (naquela noite recusa a companhia de uma rapariga), vai saltitando por trabalhos precários, toca baixo numa banda que não evolui, ainda manda mensagens a Inês a chamar-lhe “meu amor”. “De todas as coisas da vida, a mais certa, e sabida, é a dúvida”, canta-se no coro logo no início do filme.

E como com Amin no “Mektoub, Meu Amor” do Kechiche as mulheres vão andando à sua volta cheias de graça, luminosas como o título do filme, e Nicolau não quer saber: chora no ombro da amiga de infância, Mariana (Francisca Alarcão, e a sua personagem também tem crescido no Cinema de João Rosas – era a miúda que chegava de Serpa em “Entrecampos”), persegue um fantasma de Inês em sessões na Cinemateca (e é tão bonito quando filma Margarida Dias iluminada pela luz do ecrã, ou a cena em que com os amigos vêm “A Marcha Nupcial” de Erich von Stroheim, filme de 1928, quando a “traição” está nos olhares de Mitzi, Fray Wray).

Entretanto a vida começa a ganhar rumo, arranja uma casa partilhada com outras raparigas, um emprego numa livraria, e conhece Chloé (Cécile Matignon) que está em Lisboa a escrever uma tese sobre a arquitetura nos cemitérios. Envolvem-se, talvez se apaixonem um pelo outro (“Bom dia, no que é que estás a pensar?”, pergunta-lhe ela ao acordar depois da primeira juntos, “Em cemitérios”, responde ele); mas Chloé é uma mulher livre, esvoaçante, sem amarras, regressa a França com um grupo de amigos. E logo quando a vida começa a correr bem a Nicolau. Na noite do primeiro concerto da banda, Inês reaparece, quer voltar a namorar com Nicolau, na manhã seguinte ela pergunta-lhe ao acordarem sobre o que está a pensar. “Em cemitérios, acreditas?”, responde ele.

João Rosas olha para estes personagens que fez crescer, para o seu ziguezaguear, para as suas incertezas e derivas, com uma notável cumplicidade e dando-nos uma bela imagem de rapazes e raparigas naquela idade em que sentimos a liberdade da adolescência a fugir e percebemos que temos de começar a fazer escolhas que vão definir o resto das nossas vidas.

E ninguém melhor para nos mostrar isto que Nicolau, “um coração partido” que também não sabe o que quer fazer na vida, um personagem que vemos a deambular pela cidade, sítios que conhecemos e que Rosas gosta de filmar e de contemplar, deixando-se “tocar” pelos amigos e por quem vai encontrando, sem nunca se entregar realmente a ninguém nem a nada. Até que o coração deixa de estar partido.

Se Nicolau faz lembrar o personagem do filme de Kechiche (sem a sensualidade do olhar deste e de Amin) é nos devaneios românticos de Rohmer que pensamos, um romantismo mais pensado que sentido (curiosamente até bastante distante do olhar “lascivo” do filme de von Stroheim que Rosas foi “buscar”), naquela leveza com que o realizador francês nos falava de coisas muito sérias.

É essa leveza que sentimos no olhar de Rosas, mesmo a olhar para um personagem que parece andar sempre triste. Lembra também os filmes de Jonás Trueba que também gosta de filmar os seus personagens a vaguear de um lado para o outro, “lados” físico e mental. “A Vida Luminosa” é a primeira longa-metragem de João Rosas e é um filme muito bonito. Voltaremos a encontrar Nicolau, Mariana ou Chloé? (em "oceuoinfernoeodesejo.blogspot.com")

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A Vida Luminosa

Sara Sousa

Que filme delicioso!

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