Cada aldeia tem o seu bêbado, e o realizador Fábio Powers pegou no bêbado da sua pequena aldeia portuguesa e transformou-o num herói cinematográfico. "O Velho e a Espada" é um filme português de orçamento zero que teve a sua estreia mundial no Festival Internacional de Cinema Fantasia de Montreal ganhando prémios em inúmeros festivais de cinema espalhados pelo mundo e agora finalmente em salas de cinemas em Portugal, uma doce e honesta homenagem a todos os "bêbados da aldeia" espalhados pelo mundo.

A história começa com um monge a brandir a tal espada demoníaca (dobrada  por João Loy, a voz portuguesa de Vegeta na dobragem portuguesa de Dragon Ball Z), a abater habilmente uma série de inimigos bizarros. Mas quando a espada cai nas mãos do bêbado local, António da Luz, um herói improvável nasce. Sob a orientação da espada, o António terá de aprender a dominar o seu poder para salvar a sua aldeia do mal iminente da alienação, da estagnação e dos velhos mitos e lendas locais.

Este filme é uma ode ao cinema de género de baixo orçamento, repleto de CGI encantadoramente rudimentar e um elenco de entusiastas actores amadores. Até o humor, que pode não funcionar para todos, fez a plateia rir e aplaudir em vários momentos. Uma cena de destaque envolve o António e a espada demoníaca a lutarem contra um telemóvel que suga almas, captando perfeitamente o espírito lúdico e satírico do filme.

António da Luz, interpretando uma versão de si mesmo, traz uma profundidade surpreendente ao seu papel, fazendo com que torçamos por ele ao longo da sua jornada bizarra. O filme chega mesmo a quebrar a quarta parede de uma forma fresca e eficaz, acrescentando profundidade à transformação do António.

Com uma duração de apenas uma hora e três minutos, "O Velho e a Espada" é uma viagem rápida e divertida que certamente lhe irá arrancar um sorriso. O realizador Fábio Powers, juntamente com o produtor Cristiano Guerreiro e o artista de VFX Jules Spaniard Raimes, deu o coração a este projecto. O resultado é um filme transbordante de um charme DIY e de um amor contagiante pelo género.

É uma doce homenagem a António da Luz, que, infelizmente, faleceu antes de ver o corte final, mas que será agora imortalizado através desta alegre celebração da magia do cinema de série B. Um filme obrigatório para os fãs de um cinema peculiar e sincero. Mal posso esperar para ver o que Fábio Powers e a sua equipa farão a seguir.

Não é ao acaso que este é um dos filmes portugueses mais aclamados internacionalmente no ano que está agora quase a terminar. Aventura, terror e humor, todos nas doses absolutamente justas para dar um filme original, super divertido de ver, e que nem por isso se distancia das raízes do nosso país, espelhadas aqui da melhor forma possível! Há algo para toda a gente n'O Velho e a Espada, qualquer pessoa poderá ter um bom momento a vê-lo! Da Beira Baixa para o mundo, a fazer História autenticamente!