Uma Rapariga Cheia de Sonhos

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Comédia, Romance 104 min 2005 15/12/2005 EUA

Título Original

Shopgirl

Sinopse

Mirabelle Butterfield (Claire Danes) é uma rapariga cheia de sonhos, que vende luvas numa loja da Quinta Avenida em Beverly Hills, alimentando o sonho de ser artista. Ray Porter (Steve Martin) é um empresário bem sucedido no meio artístico, que escolheu uma vida solitária, sem compromissos. Jeremy (Jason Schwartzman) é um jovem que dá os seus primeiros passos arriscados no mundo - através de um negócio de amplificadores de música, um par de livros de auto-ajuda e uma digressão num autocarro de Rock'' n'' Roll. É neste microcosmo tripartido da vida contemporânea de Los Angeles que estas três pessoas vão aprender algo sobre os grandes mistérios da vida, algo sobre o mistério do amor... <p/>PUBLICO.PT

Críticas Ípsilon

Nossa senhora da solidão

Jorge Mourinha

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Uma Rapariga Cheia de Sonhos

Vasco Câmara

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Críticas dos leitores

Uma estrela no firmamento

Nazaré

A rapariguinha do "shopping" (Claire Danes), como que escondida no recanto mais remoto onde se vendem luvas de senhora, será de quem a procura ou de quem a encontra? Entre um homem maduro (Steve Martin) que a procurou e que, com a sua segurança e poder, lhe parece dar tudo, e um rapaz ainda à procura de um caminho para si mesmo (Jason Schwartzmann), que a encontrou e não mais a quis perder de vista, há toda a diferença que se possa conceber. O primeiro tenta ser honesto, mas nunca se entrega realmente; o segundo é atabalhoado, mas ama (mesmo parecendo não ter a certeza). E ela, habitando num humilde apartamento onde tanto para entrar como para sair é preciso subir para depois descer, acende uma luzinha no firmamento-reflexo de Los Angeles à noite, vista do céu. Depois que a encontraram, essa luz irá apagar-se, porque terá outra morada, e o filme dura enquanto essa luz se mantém acesa.<BR/><BR/>Baseado num livro de Steve Martin que imagino não ser especialmente interessante (são as personagens masculinas quem aparecem mais estereotipadas, por sinal, isto sem tirar valor ao trabalho dos actores, que é muito bom), o realizador Anand Tucker tem o mérito de dar-lhe a volta por cima, oferecendo-nos um filme do hoje, bastante realista, mas poético, optimista e encantador.
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Um sonho a não perder!

Francisco Falcão

Indubitavelmente um filme a não perder! Uma história de amor lindíssima onde o amor é descrito de forma crua, real, mas onde a magia, sua companheira indissociável, acompanha o filme do início ao fim. É um filme tocante, com interpretações simples mas inesquecíveis; uma banda sonora perfeitamente à altura, que nos conduz aos detalhes pequenos que reunidos contribuem para um dos filmes de amor mais completos de sempre: simples, humano, trágico, mágico e ao mesmo tempo instrutivo e tranquilizante. Mostra-nos bem como o mundo é e como gostaríamos que ele fosse e ainda que contas devemos fazer para que a grandeza dessa diferença não seja uma hecatombe.
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Princesa desencantada

Helena F.

"Shopgirl" é talvez das maiores surpresas do ano que recentemente terminou. O "trailer" prometia uma comédia romântica, ou algo do género, e o título em português, mais uma pérola de mediocridade (digna de rivalizar com este "Must Love Dogs"), podem ter afastado muitos potenciais espectadores. O que encontramos porém é bem diferente. Um filme sobre solidão, aliás, solidões, com muita atmosfera de "Lost in Translation" (aqui também o título português "O Amor é um Lugar Estranho" faria todo o sentido) e uma carga emocional tão forte que me cheguei a sentir quase tão tocada como em "Closer". A "shopgirl" do título é Mirabelle, interpretada pela talentosa Claire Dannes, uma jovem que trabalha nos armazéns Saks e que está completamente sozinha na grande cidade, longe de sentir a realização social que deseja.<BR/><BR/>Uma noite, numa lavandaria, conhece Jeremy (Jason Shwartzman, que se vem consolidando em grande como actor), alguém da sua faixa étaria que tem tanto de impulsivo como de irresponsável. Ainda a pouco promissora relação com Jeremy dava os primeiros passos, Mirabelle vê-se cortejada por Ray (Steve Martin), um rico divorciado com idade para ser seu pai. E essa segurança, se bem que acompanhada de uma falta de paixão e uma frieza disfarçada de um quase paternalismo, levam a que Mirabelle opte por ficar com ele. Mirabelle, sozinha e depressiva, aproveita os pedaços da vida sem ousar pedir o mais que merece e por que no fundo espera. Dá-se sem hesitar e sai magoada.<BR/><BR/>Escrito por Steve Martin e baseado no seu próprio livro, "Shopgirl" não é de todo o que parece. As relações não são caricaturadas em linhas gerais, em bons e maus, em aproveitadores e sinceros, em enganados e fiéis. Neste filme são as nuances que importam, as imperfeições, o que se esconde mas que todos sabemos que existe. Como diz a frase promocional, evocando a cena em que Mirabelle conhece Ray, as relações nem sempre assentam como uma luva. E no filme elas de facto não assentam.<BR/><BR/>Tem de haver quedas e crescimentos, tem de haver um percurso, uma experiência (e aqui nada melhor que a elucidativa viagem de Jeremy com a banda), tem de se ganhar um auto-conhecimento para se decidir o que queremos ao invés de aceitarmos o que nos dão sem sequer nos interrogarmos se é de facto isso. E aqui o filme é capaz de fazer o espectador reflectir também, sentindo o percurso de cada elemento do trio protagonista, afinal cada um deles em busca do amor e do seu lugar.
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Bom filme

Luís Sá

É um filme que até está engraçado e bem conseguido. Tem um final previsível, tem um bom Steve Martin e tem um encadeamento lógico interessante. Nesta época sempre tão complicada em termos de filmes é uma boa sugestão ir ao cinema ver "Uma Rapariga Cheia de Sonhos"
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Dois idiomas: homem mulher

Rita Almeida - http://cinerama.blogs.sapo.pt/

Mirabelle (Claire Danes) é uma jovem solitária que veio do Vermont para Los Angeles em busca do seu caminho. Enquanto vai vendendo um ou outro dos seus desenhos, trabalha no departamento de luvas da Saks Fifth Avenue. Vive a sua vida quase como um fantasma, um espírito sonhador, à espera de ser despertado do seu sono, como se fosse mais um dos manequins da loja. Numa lavandaria, Mirabelle conhece Jeremy (Jason Schwartzman), um enérgico e desajeitado desenhador de fontes e vendedor de amplificadores. Parece não haver nada em comum entre os dois, excepto a necessidade de carinho, e o encantamento de Jeremy por Mirabelle é recebido por esta com alguma frieza. É então que, na loja, surge Ray Porter (Steve Martin, autor do livro que serve de base ao filme), um charmoso e sofisticado homem de negócios que a convida para jantar.<BR/><BR/>Mirabelle não hesita na sua escolha, e quando Jeremy decide acompanhar a digressão de uma banda de rock, o foco passa para a relação entre Mirabelle e Ray. Um dos méritos deste filme é nunca mostrar o romance entre um homem de 60 e a uma mulher de 20 e tais como algo inapropriado ou repugnante. Ray é honesto com Mirabelle quando lhe diz que necessita que a relação de ambos não seja um compromisso a longo prazo e ela concorda. Mas o filme vai-nos mostrando como as mesmas palavras são interpretadas de formas diferentes por cada um deles. A atenção, o tempo e o dinheiro que ele despende com Mirabelle não conseguem suprir a falta do mais importante: a ligação emocional, da qual ele parece ser, inevitavelmente, incapaz.<BR/><BR/>A abordagem desta relação é feita de uma forma sombria, e o humor e a cor são deixados para Jeremy, cuja viagem, onde é impulsionado pelo líder da banda (Mark Kozelek, cantor dos Red House Painters) a "ler" livros de auto-ajuda gravados em cassete, fará parte do seu crescimento pessoal. A personalidade de Mirabelle vai-se também tornando mais complexa ao longo do filme. Ela nunca tem uma abordagem predatória em relação a Ray, mas existe, em alguns momentos, uma suave manipulação. As suas lutas são pouco heróicas, como o comum mortal apenas tenta ser feliz. Mas as suas decisões acerca da vida e do amor acarretam coragem. No final, a transformação de Mirabelle acaba por ter pouco a ver com o ser amada, é o seu despertar para ela mesma, a sua transição para a maturidade. Mirabelle começa por tentar medir o amor no abraço que recebe depois do sexo, e quando recebe, finalmente, o voto de protecção ansiado, ela já tem em si a força necessária para não precisar dele.<BR/><BR/>Anand Tucker ("Hillary and Jackie", 1998) centra a sua realização estilizada em momentos concretos, para contar uma história não exactamente imprevisível. Nunca se afastando das expectativas e percepções das personagens, a densidade e autenticidade com que nos faz entrar no seu mundo, entre erros e acertos, aproxima-nos, sobretudo, das suas fraquezas tão humanas. E, neste caso, ao contrário dos triângulos amorosos habituais, onde costuma haver uma parte que é quase desprezível, tanto Jeremy como Ray são pessoas verdadeiras e sinceras.<BR/><BR/>Ao argumento cru e observador, engraçado, emotivo e cheio de detalhes (onde o grande senão é uma desnecessária voz "off") juntam-se três fortes interpretações. De beleza simples e serena, Danes assume totalmente todas as facetas de Mirabelle - frágil, sexy, forte, inteligente - com uma expressividade e rigor físico suficientes para nos levar por todas as emoções de Mirabelle sem serem precisas palavras. Steve Martin é perfeitamente credível como o solteirão solitário e conformado com as suas limitações, acrescentando a dose correcta de melancolia que impede Ray de se tornar um "velho nojento". O Jeremy de Schwartzman é adorável na sua ingénua mas profunda forma de ver a vida.<BR/><BR/>"Shopgirl" é um filme romântico sem o romance, uma história de amor sem corações e flores por todo o lado, um filme cheio de solidão e melancolia onde a dor é o instrumento da sabedoria. Um olhar agridoce sobre as relações amorosas, onde o que se ouve nem sempre é o que se diz e as consequências que isso pode ter. Fala do que procuramos, das expectativas que se criam, dos medos e daquilo com que tantas vezes nos contentamos. É também um filme sobre a comunicação entre dois idiomas distintos: o homem e a mulher.
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Uma viagem ao universo das relações aleatórias

Mena, sem super

Esperar-se-ia um filme de argumento estilizado: a história de amor que sempre acaba bem. Desengane-se, o final não é importante. O mundo da solidão é avassalador, pode conduzir à desesperança, ao torpor, à falta de amor-próprio, quando mal vivida. A rapariga de 30 anos espera encontrar o "princípe encantado" que a resgatará de novo para a vida e a arrancará à tirania dos antidepressivos. Não faz escolhas, aceita ofertas. Como o amor pode ser reduzido a um conjunto de circunstâncias inscritas num espaço e tempo particulares e como essas circunstâncias parecem aleatórias. Como o amor, ou a sua ilusão, se tornam simples aspirinas para uma incapacidade de ser. Como se procura colar com fita cola brechas de profundo desencanto com o mundo. E como as pessoas se enganam a si próprias e aos que as rodeiam, simplesmente porque se quer fazer caber a vida dentro do supremo estereótipo da felicidade.<br/><br/>De tudo isto trata o filme. No final, ela diz que é feliz. A nós parece-nos que se limitou a aceitar a vida como ela é. É felicidade? Quem sabe? A um nível imediato, parece-nos um filme vulgar, uma história habitual de filme romântico. Mas a concepção de amor não é clara, não há vencedores do amor, nem vencidos; há a busca, a mentira, o engano, os avanços e recuos, a opulência do "glamour" e a sordidez de vidas desorientadas, o efémero dos brilhos e a solidez do verdadeiro, a capacidade de mudança e desenvolvimento.<BR/><BR/>Não será um exercício de originalidade, mas vale sempre a pena abalar um pouco as nossas convicções sobre o amor.
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