Brilhante e perturbante. Os atores estão muito bem. Edgar Morais é a grande revelação aqui. Filme que deve ser visto nas salas.

Achei muito triste e acima de tudo apático. Parece que está sempre toda a gente com sono ou dor de barriga.

O filme "Um Café e Um Par de Sapatos Novos", do realizador albanês Gentian Koçi, é um clássico melodrama familiar existencialista sobre a resistência à adversidade e o receio de isolamento social.

Baseado em factos verídicos, mergulha de forma crua (e sem necessidade de apelar à lágrima fácil) no angustiante quotidiano de dois gémeos homozigóticos surdos-mudos (na casa dos trinta anos), com uma intensa ligação emocional (inclusive, coabitam em conjunto) e profissionalmente integrados, que vêem o seu mundo desabar abruptamente após um deles iniciar um processo de perda de visão e, consequentemente, receber o diagnóstico de que ambos são portadores de doença genética congénita que conduzirá irreversivelmente à sua cegueira a curto prazo.

É detentor de uma tristeza quase poética, fruto da sua beleza visual "asséptica" (onde predominam as cores frias das paisagens campestres e dos interiores minimalistas da cidade de Tirana) e da tocante intimidade visceral manifestada pela dupla de protagonistas (os competentíssimos actores portugueses Rafael Morais e Edgar Morais, que enchem de empatia contagiante um filme saturado de silêncios).

O filme "Um Café e Um Par de Sapatos Novos" é a grande surpresa da temporada. Produção entre a Portugal, Albania, Grecia e Kosovo que arrecadou vários prémios internacionais incluindo o premio do público no Festival da Salonica e o prémio de Melhor Atores em Pristina para os irmãos Morais que estão irreconhecíveis e verdadeiramente impressionantes neste filme. De destacar também a fotografia e mistura de som exemplar.

Filme absolutamente devastador. Os portugueses Edgar Morais e Rafael Morais oferecem das melhores interpretações do ano.