A Torre Sem Sombra
Título Original
Realizado por
Elenco
Sinopse
Gu Wentong (Xin Baiqing) inicia um relacionamento amoroso com Ouyang Wenhui (Huang Yao), uma jovem fotógrafa bastante mais nova do que ele, que luta contra o trauma de ter sido abandonada em criança. Quando ele descobre o paradeiro do pai, de quem perdeu o rasto há mais de 40 anos, é encorajado por ela a tentar uma reaproximação. Esse percurso vai fazê-lo repensar o relacionamento com a própria filha, de quem se foi afastando ao longo do tempo, e reavaliar a forma como tem levado a sua vida até aqui.
Estreado no Festival de Cinema de Berlim, onde esteve em competição, um drama meditativo sobre relações humanas que conta com assinatura do realizador e escritor chinês de ascendência coreana Zhang Lu.
A Torre Sem Sombra, o título do filme, refere-se ao templo Miaoying, um monumento budista situado no distrito de Xicheng, Pequim, local onde mora o protagonista. O formato torna difícil ver a sua sombra a qualquer hora do dia, o que deu origem a uma lenda que diz que ela só pode ser encontrada a cerca de três mil quilómetros de distância, no Tibete, o lar espiritual do templo. PÚBLICO
Críticas dos leitores
4 estrelas
José Miguel Costa
O filme "A Torre Sem Sombra", escrito e realizado pelo chinês Zhang Lu, é um absorvente drama familiar ("agridoce") marcadamente existencialista, cujo enredo (com centro nevrálgico em Pequim) se vai desfiando em slow motion, atento aos "pequenos" pormenores aparentemente marginais (sejam eles de índole comportamental ou visual) que o transformam numa jóia cinéfila.
Abdicando do recurso ao tradicionalismo e/ou exotismo tão característico da cinematografia proveniente de tais latitudes, reflecte delicadamente sobre temas "banais" inerentes à condição humana, como o envelhecimento solitário e o lamento pela identidade perdida (fragmentada, algures no passado, pelas "circunstâncias da vida" que vão afastando entes que foram emocionalmente imprescindíveis).
Centra-se em Gu Wentong (encarnado por Xin Baiqing), um frustrado e apático crítico gastronómico de meia-idade "sem sombra" (aparentemente destituído de vontades e carregando o peso de uma excessiva gentileza), recém-divorciado (com a filha à guarda da tia), perdido numa encruzilhada entre o passado e o futuro, até ao momento em que, simultaneamente, ocorrem dois eventos que abalam a sua monótona vivência (a descoberta da localização do pai - com o qual não tem qualquer contacto desde criança - e o eclodir de um relacionamento ambiguo com uma excêntrica jovem fotógrafa) e levam-no a reflectir sobre a relevância dos seus papéis enquanto filho, progenitor e amante.
A Torre Sem Sombra
Stela
Interessante ver Beijing hoje, pujante economicamente e constatar que a China moderna não perde os laços com seu passado milenar. Dramas humanos se entrecruzam na grande metrópole e nos revela um universo poético e sensível, embora travado por dificuldades de relacionamento.
O chinês morador da grande cidade mostra-se tímido, delicado, mas esses modos singulares escondem traumas, carências e grandes desencontros. A direção segue o ritmo não ocidental de contar e desliza suavemente entre personagens solitários e sempre buscando respostas para suas angústias.
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