A casa dos espíritos
Gonçalo Sá - http//gonn1000.blogspot.com
Se com "O Aviso" ("The Ring"), "remake" norte-americano do filme de culto japonês "Ringu", o realizador Gore Verbinsky já tinha aguçado o interesse dos produtores ocidentais pelo cinema de terror nipónico, o cineasta Sam Raimi ("O Plano", a saga de "Homem-Aranha") dá continuidade a essa tendência ao incentivar o "remake" de "Ju-On", outro título de sucesso no mercado japonês. Nesta nova versão, "The Grudge - A Maldição", Raimi assume a função de produtor e a realização é entregue a Takashi Shimizu, que já tinha dirigido o título original. O filme é mais uma variação sobre mansões assombradas e a mais recente vítima é uma estudante norte-americana que estuda no Japão e que, ao efectuar mais um serviço de auxílio social, apercebe-se que a casa onde cumpre o mais recente trabalho possui uma atmosfera estranhamente invulgar e sinistra. O panorama torna-se ainda mais inquietante quando se descobre que a casa está interligada a uma série de acontecimentos trágicos.<BR/><BR/>Os primeiros minutos de "The Grudge - A Maldição" apresentam o mote para uma proposta de terror e fantástico que, se não parte de ideias particularmente originais, pelo menos aparenta ser uma experiência competente dentro do género, com destaque para a eficaz utilização do som, alguns movimentos de câmara razoavelmente intrigantes e "flashbacks" estrategicamente colocados de modo a prolongar o suspense. Contudo, depois desses primeiros momentos escorreitos, "The Grudge - A Maldição" torna-se num filme cada vez menos envolvente e criativo, apostando em estafados "clichés" que dominam muitos títulos semelhantes.<BR/><BR/>A protagonista, Sarah Michelle Gellar (vulgo Buffy, a caçadora de vampiros), já está habituada a este tipo de registos, mas a sua esforçada interpretação não consegue convencer dado que a jovem recorre à inexpressividade que a caracteriza. Os restantes elementos do elenco não são muito melhores, uma vez que nenhum deles apresenta um desempenho acima da média (nem mesmo Bill Pullman, que não se sabe ao certo o que está lá a fazer...). Parte do problema é que os actores não têm propriamente personagens para defender, apenas figuras sem densidade que se limitam a seguir os pré-requisitos de um cinema de terror convencional e nada surpreendente. O argumento também é banal e mal trabalhado, proporcionando uma revelação final estereotipada e um desenlace sem qualquer nexo, recorrendo aos piores lugares comuns do género sobrenatural.<BR/><BR/>"The Grudge - A Maldição" tenta assustar, arrepiar e perturbar, mas as tácticas utilizadas dificilmente fascinam um espectador que já esteja familiarizado com as fórmulas do cinema de terror "mainstream" norte-americano. O resultado é um objecto previsível e descartável, que serve para acompanhar as pipocas mas nunca ameaça a digestão.<BR/><BR/>Se pelo menos aliasse os (supostos) ambientes de terror a algum humor negro, talvez "The Grudge - A Maldição" se tornasse numa obra curiosa e tragável – como os recentes "A Cabana do Medo", de Eli Roth, ou "A Casa dos 1000 Cadáveres", de Rob Zombie -, mas assim não passa de mais um filme plano e muito pouco estimulante. Não que isso impossibilite uma sequela, que já está a ser preparada e deverá chegar às salas no próximo ano... Classificação: 1/5 - Dispensável.
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