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Tarnation

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Drama, Documentário 105 min 2003 M/16 10/02/2005 EUA

Título Original

Tarnation

Realizado por

Sinopse

É um auto-retrato psicadélico de Jonathan Caoette, de 31 anos, que, desde os 11 anos, decidiu filmar a crónica caótica da sua infância numa família texana. A partir de vídeos amadores, super-8, mensagens em atendedores de chamadas, elementos da cultura pop dos anos 80, Caouette cria um retrato épico de uma família americana destroçada pela disfunção e reunida pelo poder do amor. O filme começa em 2003, quando Caouette tem conhecimento de uma overdose da mãe. Enfrentando os fantasmas do passado, incluindo um legado de doença mental familiar, abusos e negligências, Caouette regressa a casa para ajudar na recuperação da mãe. Mergulhando em arquivos de juventude, observamos Caouette a crescer com as câmaras, forjando a sua identidade na cultura popular. Enquanto a mãe, cuja personalidade foi gravemente alterada por um tratamento de electrochoques, passa a maior parte do tempo em hospitais psiquiátricos, Caouette cresce com os avós e em lares e famílias de acolhimento. Através dos filmes de vídeo tenta exorcizar os seus traumas. Filma toda a sua existência, a sua paixão pelo cinema underground, a comédia musical e a cultura gay. Adulto, muda-se para Nova Iorque, onde vive com o companheiro David. O filme, apresentado na última edição do Festival de Cannes, transformou-se automaticamente em filme de culto.

PUBLICO.PT

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O Ego e a sua exibição

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Críticas dos leitores

O estranho mundo de Jonathan

Gonçalo Sá - http://gonn1000.blogspot.com

Nos últimos anos, o cinema documental tem sido alvo de uma notória vitalidade e destaque, tornando-se num género cada vez mais aceite pelo grande público. "Fahrenheit 9/11", de Michael Moore, ou "Super Size Me - 30 Dias de Fast-Food", de Morgan Spurlock, foram dois dos títulos mais mediáticos de 2004, mas há outros exemplos dignos de atenção oriundos de círculos mais alternativos e marginais. "Tarnation", de Jonathan Caouette, é um deles, e proporciona uma imprevisível e absorvente viagem pelas memórias do realizador, levando ao limite o princípio do "do-it-yourself". Caouette debruça-se sobre alguns dos mais marcantes acontecimentos da sua vida recorrendo a imagens do seu arquivo pessoal, recolhidas desde os seus 11 anos através de câmaras Betamax, VHS, Hi-8 ou Mini-DV. Expondo gravações privadas que focam situações do seu quotidiano familiar, o realizador evidencia sobretudo a tensa e dolorosa relação com a sua mãe Renee Leblanc, doente bipolar, responsável por alguns dos momentos mais perturbantes da sua vida.<BR/><BR/>Paralelamente às filmagens, geradas ao longo de 19 anos, "Tarnation" inclui ainda álbuns de fotografias, gravações de atendedores de chamadas, cenas de programas de TV e filmes, diários registados em cassetes e canções emblemáticas do percurso do autor, resultando numa complexa e criativa colagem de fragmentos díspares. Mais do que um intrigante exercício de "cut n' paste", "Tarnation" é um denso e inquietante olhar sobre as relações familiares, o crescimento, a identidade e a disfuncionalidade, originando um retrato onde a fronteira entre o genuíno e o encenado é ténue e dúbia.<BR/><BR/>Por vezes narcisista e auto-indulgente, noutros momentos sensível e comovente, o filme - ou antes, esta inclassificável experiência audiovisual - tanto aposta numa crua vertente realista como em atmosferas de inebriante onirismo, gerando uma insólita perspectiva acerca de uma vida vincada pela melancolia. Expondo a sua infância conturbada e a não menos difícil adolescência - onde se manifestou o contacto com as drogas, a dilaceração familiar ou a afirmação sexual -, Caouette apresenta uma obra dolorosamente pessoal marcada pela vulnerabilidade afectiva.<BR/><BR/>Para além da relação com a sua mãe (e com a desconcertante doença mental desta), o realizador foca também a sua paixão pelo cinema e música underground - a determinante banda sonora contém nomes como Magnetic Fields, Low, Nick Drake ou Cocteau Twins -, pelos musicais ou pela cultura gay (com a qual lidou desde muito cedo). <BR/><BR/>Embora não evite alguns passos em falso, enveredando por um voyeurismo eticamente questionável - até que ponto Caouette terá legitimidade para divulgar certos episódios pessoais dos seus avós e mãe? - e oferecendo ocasionais cenas redundantes e dispensáveis, o turbilhão emocional que "Tarnation" contém é tão pujante que se sobrepõe às suas evidentes fragilidades.<BR/><BR/>Atípica, memorável e inovadora, a primeira obra de Jonathan Caouette é um dos mais surpreendentes filmes do início de 2005, uma pequena pérola indie que pode gerar ódios e paixões, mas dificilmente deixará algum espectador indiferente. No meio de tantos filmes inócuos e indistintos, essa é já uma característica meritória - mas não a única - deste peculiar e recomendável "home movie. Classificação: 3/5 - Bom.
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A obra de uma vida

V. Morgado

Jonathan Caouette apresenta-se em "Tarnation", o filme da sua vida. E é mesmo da sua vida, dos nove aos 30 e poucos anos. Jonathan sai da sua solidão quase subterrânea com a ajuda de uma máquina de filmar, coleccionadora de todos os seus momentos, bons ou maus (e quando digo maus digo desesperantes, na busca de personagens imaginárias que possam exorcizar o seu próprio eu). Como ele diz, vive no sonho constante. As drogas que tomou também ajudaram a esta vivência num mundo paralelo. E é assim que ele se sente sempre, ao lado. Mostra-nos sem qualquer receio a fonte desses devaneios e prova-nos, do princípio ao fim, o amor puro e inquebrável pela mãe. Um amor que comove e que o ajudou a reciclar todo o mal da sua vida transformando-a numa obra de arte. A obra da sua vida. Literalmente.
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