Uma boa produção, cuidada, mas muito previsível, com alguns clichés e lugares comuns mas, ainda assim, capaz de gerar um ambiente interessante.

Guerra de máfias, corrupção em cada decisão, mas falta-lhe o imprevisível. Mais do mesmo!

Suburra é um filme-mosaico sobre o noir de la bella Roma, que desfia os laços promíscuos que interligam as famílias mafiosas e la creme de la creme da política e igreja católica, num autêntico cocktail de corrupção, imoralidade e violência, que mina toda a economia do país (em nome do bem maior de "uns poucos", que vivem numa opulência escandalosa, sem que a justiça lhes "bata à porta"). <br />Trata-se, portanto, de um filme de ficção que tem por base factos (muito) realistas (de facto, a realidade apodera-se da acção e vice-versa), com um enredo sobre os jogos de poder que antecederam os últimos 7 da queda do governo de Berlusconi e o inicio do processo de abdição do Papa (a tempestade perfeita - o "apocalipse iminente", tal como é designado -, pelo que não é de admirar que, metaforicamente, a chuva diluviana seja uma "personagem" presente a tempo inteiro), com o objectivo de aprovar no parlamento, em tempo útil, uma lei que permita a concretização de um negócio milionário que prevê a transformação de uma zona portuária degradada numa Las Vegas à la italiana (só que o acontecimento é assombrado por um imprevisto que envolve um poderoso politico e duas prostitutas, uma delas menor de idade - faz lembrar alguém?!). <br /> <br />Nesta obra os diversos "centros de acção" encontram-se bem entrecruzados (embora nos fique a sensação de que as multiplas temáticas abordadas apenas são afloradas muito superficialmente), o seu ritmo é cativante/veloz e e as interpretações dos actores não deixam nada a desejar (sempre ao som dos M83 - perfeito!). No entanto, imperdoavelmente, o Sollima deita tudo a perder (irreversivelmente) com as suas soluções finais apressadas e demasiado fáceis/ridiculas (efectivamente, numa pelicula que pretende ser um "espelho da sociedade" é patético que os "maus" sejam vencidos, ainda mais por "figuras menores" e em modo de "filme de acção de tv"- ... "Ou sim ou sopas!").

Mais um excelente filme de produção italiana / francesa de um realizador especializado na temática da “Cosa Nostra” que já nos tinha brindado com, por exemplo, a excelente série "Gomorra". Num triângulo que envolve políticos, mafiosos e altos dignitários da igreja católica somos envolvidos numa trama onde a integridade e a ética são palavras vãs arrastadas num turbilhão de violência, impunidade e ganância.