Apesar da dimensão das suas orelhas, os elefantes percecionam som maioritariamente a partir das suas patas. É com base nesta experiência que Boonserm Premthada, um dos mais importantes arquitetos tailandeses, surdo de nascença, desenvolveu uma forma alternativa de “ouvir” utilizando o seu corpo como câmara de ressonância de vibrações sonoras.

Esta forma de colmatar uma incapacidade permitiu a Premthada desenvolver uma identidade singular no seu percurso profissional, uma sensível arquitetura dos sentidos. A dupla de artistas-cineastas acompanha Premthada pela selva de betão do sudeste asiático que é Banguecoque numa deambulação livre, pontuada por encontros, eventos e lugares marcantes, desde ruas escuras do bairro de lata onde cresceu, até comunidades rurais remotas que vivem em simbiose com elefantes e em devoção com os monges budistas que lá habitam. O filme revela, através de sequências extraordinárias, o empenho do arquiteto em trabalhar com pessoas para quem a arquitetura pode ter um forte impacto social. Texto: Cinemateca Portuguesa