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Stoned, Anos Loucos
Título Original
Stoned
Realizado por
Elenco
Sinopse
A crónica da vida sórdida e cheia de excessos de Brian Jones, primeiro guitarrista e co-fundador dos Rolling Stones, que foi encontrado morto no fundo da sua piscina semanas depois de ter sido afastado da banda. PUBLICO.PT
Críticas Ípsilon
Críticas dos leitores
É uma pena que passe despercebido
Nazaré
Para quê um filme sobre o Rolling Stone Brian Jones? Poucos são os fãs dos Stones que sabem da sua existência, e ainda menos os que alcançam o seu significado. Olhando as fotos dos anos 60 do grupo, aquela cabeleira loira lá no meio é estranha para a maior parte, parece um intruso. Fora das ilhas britânicas, o apelo deste filme é bem capaz de ser diminuto; talvez por isso tenha sido concebido como um documento — centrado nos meses que antecederam a trágica morte do protagonista, motivado pela controvérsia sobre um crime que foi encoberto, mas pescando diversos episódios e "flashes" da sua vida que ilustram muito bem o que ele era como músico. Por isso é uma bela homenagem, também. Se alguém daqui a 30 anos ainda se interessar por Brian Jones, este filme é um documento indispensável. Mas é preciso estar preparado para apreciá-lo.<br/><br/>Desde a fase em que baptizou o grupo com um título de Muddy Waters até às perspectivas de emparceirar com Jimi Hendrix (no que poderia ter sido a melhor solução para ambos, e uma produção musical gloriosa para todos nós), Brian Jones nunca deixou de ser um maravilhoso músico de blues. Antes dos Yardbirds, John Mayall e tudo o que no Reino Unido se seguiu no género, houve uns Rolling Stones que este filme tão bem faz reviver numa reconstituição de "Little Red Rooster", a tocarem ainda com colete e gravata, quando eram muito amigos dos recém-revelados Beatles. E como superar o solo de harmónica para o filme de Völker Schlondorff, por exemplo?<br/><br/>Mas os Stones aceitaram o desafio do seu produtor Andrew Loog Oldham de se tornarem os "anti-Beatles", e com isso Brian Jones foi sendo marginalizado. Ficou para a posteridade, algo folcloricamente, a imagem dum músico que conseguia tocar qualquer instrumento para abrilhantar os arranjos das canções de Jagger e Richards, e é muito sintomático essa faceta ser ignorada neste filme, como se isso fosse algo exterior a Brian, uma tentativa de compromisso com um som que não era o dele. A sua existência fazia-se à margem da carreira dos Stones, enquanto mergulhava em todo o tipo de excessos. Teria sido assim se essa carreira não tivesse sido assim "desviada"?<br/><br/>O golpe de misericórdia, vemo-lo na reunião em que o grupo (sintomaticamente, sem o baixista Bill Wyman) vai a sua casa dizer que o puseram fora. Objectivamente, o negócio da música não lhes deixava outra saída. E enquanto Brian se precipita de novo na "droga ilegal", os Stones seguiram em frente, tentando exorcisar o espectro do seu fundador. Se realmente o conseguiram... que o diga Mick Taylor, o exímio guitarrista de blues que o veio substituir! E, pelo menos neste filme, se deixa entrever o como isso foi doloroso para eles, especialmente para Keith Richards, cuja guitarra era o Yin da guitarra Yang do Brian Jones — não faltam os "flashes" com os dois a ensaiarem frente a frente o som que caracterizou o grupo nos primeiros anos, no apartamento em Londres onde passaram muita fome e frio. Depois de ver este filme, fica uma sensação bastante mais simpática sobre os Stones na sua relação com Brian Jones. Um bom trabalho, muito honesto a meu ver.<br/><br/>Dá para perguntar se Hendrix e Jones, se se tivessem entendido bem, não teriam dado a volta por cima da indústria mafiosa que os devorou. Ambos, no espaço de pouco mais dum ano, desapareceram. E se sobre Brian Jones não há dúvidas de ter sido assassinado, no caso de Jimi Hendrix tem-se especulado sobre algo de parecido ter acontecido. Em contextos totalmente diferentes, um destino semelhante.<br/><br/>Falta falar sobre a personagem de Frank Thorogood, o empreiteiro contratado para fazer umas obras na casa de Brian Jones. Paddy Considine desempenha magnificamente o papel dum homem também ele marginalizado, que encontra em Brian uma porta de saída do aborrecimento em que vivia. Todos o desprezam, incluindo Brian, e quase se tornava inevitável a coisa ter dado para o torto.<br/><br/>Uma nota final: o facto dos actores serem fisionomicamente pouco semelhantes aos originais, o que, embora seja algo perturbador no caso do protagonista (Leo Gregory vai muito bem, assinale-se), parece ser uma opção consciente, a afastar esta fita dos "biopics" típicos.
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