O filme "Sing Sing", do realizador Greg Kwedar, é um drama prisional agridoce (politicamente correcto e destituído de "testosterona") que, num estilo quase documental e sob uma perspectiva humanista, tenta demonstrar o poder da arte enquanto elemento de transformação e de reintegração de qualquer indivíduo (mesmo em contextos complexos/hostis).

O enredo superficial e repetitivo (que parece andar num loop eterno em torno dos mesmos tópicos) coloca-nos perante Divine G (Colman Doming, nomeado para o Óscar de melhor actor), um bom samaritano injustamente condenado (super original!) que encontra no grupo de teatro, dinamizado por si no interior da prisão de alta segurança (Sing Sng) em que cumpre pena, uma forma de fugir à realidade, enquanto tenta provar a sua inocência.

A narrativa não é o aspecto "anémico", uma vez que a fotografia (marcadamente naturalista) revela-se, igualmente, demasiado "sóbria"/neutra para um filme desta natureza (por norma, dark). Realce-se, pela positiva, o elenco composto quase integralmente por ex-reclusos (cujos personagens foram, infelizmente, pouco desenvolvidos), também eles antigos participantes em peças de teatro na prisão Sing Sing (dado o argumento ter por base um programa de reinserção real implementado no estabelecimento em causa).

Apesar dos filmes "Eu ainda Estou Aqui" e "Brutalista" serem bons filmes e a não perder, "Sing Sing" é fantástico e merece o Óscar de melhor filme. "O cinema adora exaltar a importância da própria arte. Filmes sobre como o processo criativo cura, renova e salva são comuns, especialmente quando se trata dos favoritos a indicações e prêmios, como é o caso de Sing Sing. Há, porém, um grupo mais seleto, e Sing Sing também faz parte dele – filmes que abordam, e até mostram, como isso acontece emocionalmente. O que faz da literatura, da atuação ou do teatro campos tão frutíferos para a realização pessoal, e como eles resgatam pessoas dos seus piores momentos? "