O “realismo mágico” cristalizado pelos escritores da América do Sul – “uma adulteração da realidade, uma coisa hiper-real” – é matriz evidente de “Nossa Senhora da Loja do Chinês”. Este “filme-mosaico”, realizado e escrito pelo angolano Ery Clave, faz chocar personagens muito diferentes ligadas de modo quase invisível: um casal em desintegração que mora numa “casa de lágrimas” com infiltrações permanentes, um menino de rua que procura o cão desaparecido, um pastor evangélico e o seu filho, e um comerciante chinês que narra a história enquanto vende estatuetas de Nossa Senhora de Fátima com defeito na pintura. Jorge Mourinha, PÚBLICO