O realizador suíço Michael Kock através do filme "Um Pedaço do Céu" (drama romântico em modo realismo rural) instala-nos no seio de uma pouco afável e fechada comunidade campestre conservadora (fiel aos seus costumes ancestrais), habituada à rudeza das condições de vida inerentes à altitude dos Alpes, para dar-nos conta do amor ("suave") que irá unir uma das suas habitantes (uma independente jovem mãe solteira, carteira e empregada de balcão) a um forasteiro humilde (bonacheirão apaixonado por vacas) ali chegado para trabalhar à jorna nas árduas tarefas agricolas. A relação entre estes dois protagonistas (ambos não actores locais - sendo ele um canastrão) irá resultar em matrimónio, cuja robustez será colocada à prova quando o elemento masculino é diagnosticado com um tumor cerebral (que provocará alterações no seu comportamento). Apesar da acção decorrer num espaço natural idílico (captado num formato "quadrado" - incomum para retratar grandes paisagens - e quase sempre em enquadramentos fixos) revela-se uma quase tragédia grega (à qual não falta sequer um grupo coral ao vivo, cujas músicas folclóricas lúgubres funcionam como separadores entre "actos") que nos coloca perante um conflito moral. O que fariamos no lugar dela?