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Os Passageiros da Noite

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Drama 111 min 2022 M/14 05/01/2023 FRA

Título Original

Sinopse

Charlotte Gainsbourg é Elisabeth, uma parisiense dos anos 1980 que, após ser deixada pelo marido, encontra trabalho num programa de rádio da noite para poder sustentar os seus dois filhos adolescentes. É lá que se cruza com uma jovem, Talulah (Noée Abita), que decide amadrinhar e de quem passa também a tomar conta.
Um drama de Mikhaël Hers (“Ce sentiment de l'été”) que teve estreia na edição de 2022 do Festival de Berlim. PÚBLICO

Críticas Ípsilon

Paris pertence-lhes

Luís Miguel Oliveira

Os Passageiros da Noite é uma evocação atordoante da década de 80.

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Críticas dos leitores

Os passageiros da noite

Fernando Oliveira

Paris, anos 80. Elisabeth é mãe e divorciada. Sente-se um pouco perdida, o dinheiro não abunda, procura um rumo para a sua vida. Os dois filhos adolescentes são quase opostos nos comportamentos, ele escreve e é sossegado, a filha é uma idealista activa. Elisabeth arranja trabalho como assistente num programa nocturno de rádio, aqueles para onde os ouvintes ligavam para se falarem um pouco de tudo. Uma noite uma jovem é entrevistada no estúdio, quando percebe que ela não tem sítio para onde ir, Elisabeth convida-a para a sua casa. Mas Talulah, é o nome dela, tem um problema grave com o consumo de drogas, e as coisas complicam-se… O que é muito bonito no filme é que o realizador, Mikhaël Hers, não se deixa enredar nesta complicação que a vida dos personagens é. O seu olhar é de uma suavidade comovente, segue-os como se procurasse “prender” não a tristeza que, parece, os habita, mas a forma como essa tristeza é diluída na felicidade que vem dos pequenos acontecimentos do dia a dia, de um sorriso, de uma dança ou de uma música, de uma conversa, dos amores e desamores. Viver é belo (“tudo o que tivemos foi o que fomos uns para os outros”)… E o que é ainda mais bonito no filme é forma como Hers nos faz imergir nos anos 80, na França de Mitterand, sabendo como os quer mostrar, olhando-os com nostalgia é certo, mas também sabendo contornar essa ideia com um olhar absolutamente cinematográfico: se o som e as canções são importantes para esta viagem é pelas imagens que somos transportados para essa época, misturando imagens “roubadas” a filmes da época às imagens filmadas por ele, e até a imagens da época falsas. E para quem como eu viveu essa época, parece que nos leva para lá outra vez, que estamos a ver um filme dessa e nessa época, as diferenças entranham-se, coisas desse tempo que parece já não existirem agora: o programa na rádio, as conversas e os livros, o cinema de Rohmer (as personagens vão ao cinema), a rebeldia juvenil, e acima de tudo a Liberdade. Ou seja, vemos o filme como um “sonho”. Há melancolia das coisas boas que desapareceram, mas sem ser um lamento. O mundo avança… Com uma interpretação belíssima de Charlotte Gainsbourg, “Os passageiros da noite” é o mais belo filme que, até agora, estreou este ano por cá. (em "oceuoinfernoeodesejo.blogspot.pt")

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