<br /> <br />A Morte tem novas regras neste intenso filme de terror e suspense, a não perder. <br />

O primeiro “O Último Destino” era realmente original. Para quem não se lembra: um adolescente, Alex (Devon Sawa), preparava-se para viajar com os colegas de escola, para Paris. O filme abria-se com o que só depois a gente descobria ser um pesadelo: Alex tomava o avião e ele explodia enquanto tentava descolar. Era só um sonho? Não, era uma premonição. Ao entrar no avião, Alex percebe uma série de indicadores que lhe dizem o que está prestes a ocorrer. Ele e alguns amigos conseguem fugir, o avião realmente explode e aí cria-se a situação inusitada que dá fôlego ao filme. Alex torna-se suspeito de terrorismo aos olhos das autoridades, que passam, a persegui-lo. E ele e os amigos são perseguidos pela morte, não como um personagem específico, um Jason, um Freddy Krueger ou o assassino mascarado de “Scream”, mas como um sentimento difuso e um conjunto de circunstâncias que se fecha, inexoravelmente, sobre os personagens centrais da trama. Em “O Último Destino 2”, a protagonista é agora uma certa Kimberly Corman, que viaja com amigos numa caminhonete. Seguem pela estrada, quando ela tem a premonição de um terrível acidente envolvendo um caminhão que transporta madeira. Kimberly tenta advertir um policial do perigo, mas ele não lhe dá atenção. Ocorre a tragédia, os amigos de Kimberly morrem, mas ela e o policial sobrevivem para ser, como os sobreviventes do primeiro filme, perseguidos pela morte. Em pânico, a protagonista procura a sobrevivente do primeiro filme, Clear Waters (Ali Larter). De facto, pode-se mesmo dizer que em termos de estrutura narrativa, este filme não é tanto uma continuação e sim uma “remake” alterado do primeiro filme. Mesmo o início é igual: um personagem (aqui, uma rapariga; no anterior, um rapaz) prevê um acidente (aqui, rodoviário; no primeiro, aéreo), que acaba por acontecer, e uma série de pessoas se salva por causa da previsão. Daí, logo se percebe que os sobreviventes são "procurados" pela Morte, e tenta-se entender como fazer para evitá-la. O problema para o realizador desta continuação, David R. Ellis é que, uma vez que a sua sequência mais emocionante fica logo no início, o resto do filme se torna incrivelmente burocrático. E o jogo proposto ao espectador fica claro: imaginar as formas de morte mais criativas, inesperadas e fantásticas que se possa fazer. Reside aí talvez o único interesse do filme: uma vez estabelecida esta lógica, ele passa a funcionar quase como um “cartoon”, onde as cenas de morte lembram muito aqueles efeitos-dominó nos quais uma série de objectos vai criando uma sequência improvável de movimentos (terminando sempre, aqui, com alguma morte de teor muitas vezes cómico). Talvez o que mais se possa lamentar no filme é a absurda transformação da morte num fenómeno cheio de regras (para dar aos personagens objectivos claros, e não apenas existenciais), onde a "vitória" sobre ela passe a parecer uma brincadeira de gincana soturna.

Absolutamente espectacular; de cortar a respiração; impróprio a cardíacos. Excelentes efeitos especiais!