Jim Carrey a fazer de técnico de instalação de televisão por cabo, Matthew Broderick como cliente em apuros para se livrar do "melga" numa das mais corrosivas comédias norte-americanas produzidas durante a década de 90. "O Melga" foi também um gigantesco "flop" de bilheteira — se o festival histriónico de Carrey é imparável, vai até a um ponto de irrisão que ameaça destruir a personagem. O filme acaba por ser uma subtil reflexão sobre a solidão da estrela, vampirizando o seu espectador para (a todo o custo) conquistar a empatia e o afecto que o pode manter "over the top". Realizado por Ben Stiller — que depois protagonizou o "Doidos por Mary", dos Farrely —, "O Melga" é um desses filmes extremamente raros, em que o máximo de euforia corresponde a um máximo de angústia. Recomendado a todos os maníaco-depressivos.

PUBLICO.PT