Nação Valente
Título Original
Sinopse
Em 1974, depois de 13 anos de luta armada em Angola, onde os militares portugueses lutavam contra grupos pró-independência que reivindicavam o território, milhares de portugueses saem do país e regressam a Portugal.
Vencedor do prémio Europa Cinemas Label e do Junior Jury Award no Festival de Cinema de Locarno (Suíça), um drama sobre as feridas da Guerra Colonial, com argumento e realização do angolano Carlos Conceição (“Serpentário”) e fotografia de Vasco Viana. No elenco estão os actores João Arrais, Anabela Moreira, Gustavo Sumpta, Leonor Silveira, Miguel Amorim e André Cabral, entre outros. PÚBLICO
Realizado por
Elenco
Críticas dos leitores
Ainda não tinhamos falado disto assim
Adelaide Barreiros
Este filme convida um pensamento que até agora, nas artes nacionais, ainda não tínhamos abraçado. Talvez por ser uma ferida aberta. Ou por ser demasiado recente ainda. Mas É um filme que, através da sua voz única e do seu estilo fora do comum, nos empurra para um estado de alerta em que todos devíamos estar há muito. Levei os meus alunos de uma turma de história e vou ver se ainda levo outro grupo. Aos produtores do filme, os meus sinceros parabéns.
Vão Ver
Sofia Fernandes
Este filme está na quarta semana de exibição e ainda há pessoas que não ouviram sequer falar. Trata-se de uma parábola sobre a guerra (as guerras do presente e as do passado) enquanto instrumento da manipulação da História, das mentalidades e das culturas. A forma universal como está feito serve para comentar muitos conflitos diferentes, sobretudo os de natureza nacionalista, o que não podia ser mais actual. Mas o pano de fundo, por ser um filme português, é a guerra do Ultramar e a forma como deixou marcas até hoje na sociedade portuguêsa (e nas das antigas colónias, claro). É também um filme sobre como os ideais nacionalistas se assemelham aos de um culto de fanáticos cegos e surdos. Só conhecia este realizador de nome mas fiquei com muita vontade de ver os seus outros filmes que, infelizmente, parecem estar completamente inacessíveis pois não existem em DVD. É por isso que aconselho toda a gente a ver Nação Valente enquanto está em sala. Quando sair não sabemos quando voltaremos a ter a oportunidade, e é um filme importante. Cultural e artisticamente importante.
Magia
Bárbara
Um filme belo e negro, onde as sombras escondem segredos insondáveis. Não me canso de recomendar mas que pena estar em tão poucas salas e a horas em que ninguém vai ver.
João Arrais
André Luis Ganâncio
João Arrais é o Montgomery Clift do século XXI. Não há em Portugal outro actor capaz de tamanha vulnerabilidade. A sua presença nesta personagem parece feita de vidro, a inocência e a manifestação da culpa quase palpáveis. É um desempenho de gigantesca subtileza que apenas encontra par no extraordinário papel feito por Anabela Moreira. Isto num filme que, não sendo um filme de personagens, é sem dúvida um filme de actores.
4 estrelas
José Miguel Costa
"Nação Valente" (prémio de melhor filme europeu no festival de Locarno), do cineasta luso-angolano Carlos Conceição, apesar de embrenhar-se no seio da guerra colonial em Angola acaba por constituir-se, acima de tudo, como uma espécie de alegoria a todos os conflitos bélicos do presente (sobretudo os alicerçados em ideais nacionalistas de extrema direita - como para demonstrar que não aprendemos com os ensinamentos históricos do passado, caindo ciclicamente nas mesmas "ciladas"). Fazendo uso de uma fusão de géneros (drama, terror light e comédia) resulta numa fantasia, impregnada de metáforas (dividida em dois momentos temporais distintos e cruzando duas realidades autónomas), sobre o final da ocupação colonial portuguesa (dado a sua história remontar ao ano 1974, um ano antes da independência de Angola) e as inerentes feridas não saradas que (ainda) subsistem nos colonizados e (ex)colonizadores. Numa primeira fase (de narrativa intensa e que, grosso modo, não passa de um longo prólogo) somos colocados perante as lutas levadas a cabo no terreno por grupos independentistas e a consequente fuga dos portugueses. No "capítulo" seguinte (de ambiência claustrofóbica e altamente estilizada) deparamo-nos com a realidade vivenciada por uma pequena unidade de jovens soldados lusos, às ordens de um coronel tirano, acantonados num acampamento militar isolado do mundo exterior, a aguardar pela invasão alegadamente iminente do inimigo. É difícil dissertar sobre esta obra sem efectuar spoiler (e se o fizer perderá parte substancial do seu impacto, que advém de uma "reviravolta" inesperada), pelo que fico-me por aqui ... mas apelo veemente a que façam um favor a vós próprios e "vejam-no"!
Rebenta com tudo
Jorge
Há muito que não ouvia tanta gente diferente a elogiar o mesmo filme.
Nação Valente
Helder Almeida
Já tudo foi dito por comentadores anteriores. Aconselho vivamente ir ver. É daqueles que muito provavelmente reverei.
Revisão Histórica desde o além
Luisa Perez
O exercício narrativo, bem como formal, que "Nação Valente" propõe ao espectador, é suficientemente inteligente para que o filme venha a ganhar importância e significado nos anos vindouros, conforme se forem encontrando respostas e cantos para arrumar todas as pontas da eterna discussão sobre pós-colonialismo. Um filme a manter por perto.
Meu favorito
Wanderdey
Tenho visto e comentado todo cinema português possível. O ano passado foi singular na baixa qualidade dos filmes. Esse ano, pelo contrário, já vi duas obras-primas. E esse deve ser o filme nacional que mais gostei até hoje. Nada estranho que tenha que ser um realizador bi-nacional para falar de como estão ainda vivos os fantasmas coloniais em Portugal. Filme excelente, inovador e obrigatório.
Beleza
Isabel
Imagem lindíssima, som excepcional, desempenhos excelentemente enquadrados (nada esmaga nada, tudo converge e é harmonia). Desde os detalhes (uns trazem recados, outros dão pistas), aos personagens e os seus papéis - que levamos connosco para a rua, e depois para casa, e depois para os sonhos, e ao pequeno almoço ainda nos acompanham -, ao olhar da câmara (vim com o grande plano da roda e da dianteira do jeep no caminho de terra, já no final, e com os rostos belos, negros e brancos), aos zombies (que são amigos, até oferecem flores para o caminho, e ajudam almas atormentadas na sua (re)conciliação), à banda sonora... Fica a sensação de que nada ficou por fazer ou dizer. Trazemos trabalho para casa, com muito para pensar, descobrir e entender. Como nos situamos com o "eu", o nosso e o colectivo, neste teatro de operações, hoje (tão) subterraneamente convulsivo, mas por isso mesmo sentido como ameaçador e que assusta. Um filme inesquecível, onde tudo isto é trabalhado de uma forma muito subtil, muito bela e muito poética.
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