É um daqueles filmes que impressionam pela dureza do realismo como só certas histórias de vida têm a capacidade de nos impressionar. Será que ela era um monstro ou uma sobrevivente num mundo cruel, que ela sonhava que ia ser ser salva por um príncipe? E foram esses mesmos homens que a condenaram. Num país que condena à morte os sobreviventes duma vida cheia de sonhos, dá que pensar...hein?

Eis um filme que me surpreendeu negativamente, pois esperava mais de tão badalada história. Começando pela realização, pareceu-me pouco interveniente, talvez com alguma razão, uma vez que o filme vive da interpretação de uma actriz e está em todos os momentos pendente dela. No entanto, o tom geral caberia mais num formato de tele-filme, sem qualquer menosprezo para o cinema que se faz de propósito para a televisão. O argumento é simpático, se simpático se pode chamar um argumento dum filme sobre uma assassina em série. Mas como disse atrás, o filme vive do desempenho de uma actriz e assenta nesse desempenho. Charlize Theron está, de facto, excelente, embora ajudada, obviamente, por uma caracterização eficaz e uns quilitos a mais - o que, no entanto, é muito bem e adequadamente utilizado pela actriz para criar uma personagem. Esperemos que continue uma brilhante carreira e não lhe aconteça o que aconteceu a outras actrizes que obtiveram prémios por brilhantes desempenhos suportados por excelentes trabalhos de caracterização, mas das quais se ouve hoje pouco falar, pelo menos entre nós (opr exemplo, Hilary Swank, onde pára?). O Óscar foi, de qualquer modo, merecido, embora o meu coração oscilasse entre Charlize e Diane Keaton, no "Alguém Tem Que Ceder".

Não acho que seja um excelente filme, mas anda lá perto. Muito bom argumento, óptimos actores.