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Modigliani

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Drama 128 min 2004 M/12 25/05/2006 EUA, ALE, ITA, GB, FRA, ROM

Título Original

Modigliani

Sinopse

1919. A Grande Guerra acabou e a vida nocturna de Paris transborda paixão e obsessão. Esta é a história da rivalidade entre Modigliani (Andy Garcia) e Picasso (Omid Djalili), dois homens que alimentam a sua inveja e ciúme mútuo com feitos, arrogâncias e paixões. É também a história de uma tragédia amorosa. A história de Jeanine Hebuterne (Elsa Zylberstein), uma bela e jovem rapariga católica, cuja desgraça e única falha foi deixar-se apaixonar por um judeu, Modigliani.

PUBLICO.PT

Críticas dos leitores

Modigliani ou o Karate Kid da pintura

David Cabral

"Modigliani", de Mick Davis, é um filme que não chega a desiludir porque não chega a começar. A primeira cena passa-se num café de Paris, no início do séc. XX - música típica e meia dúzia de personagens que fizeram a história da vida boémia da época, onde não falta um Picasso obeso. O ambiente é teatral e parece-nos ainda ouvir as recomendações: "Chega-te mais para ali. O 'clown' fica bem lá trás. Por trás do Picasso… blá, blá. Acção!" Aguardamos ansiosamente o início da história. Picasso acaba de desenhar e o empregado pergunta-lhe num inglês esfarrapado: "Senhor Picasso, não assina o seu desenho?", e Picasso responde num inglês ainda pior: "Quero comprar o jantar e não o restaurante". Espera aí, eu já ouvi isto em qualquer lado...<BR/><BR/>Cortamos para uma mulher que aguarda, fora do restaurante, com um bebé. Um homem está ao seu lado. Ela diz: "Tenho que falar com ele". E o homem responde: "Vamos para casa. Sou o teu pai. Eu é que digo o que deves fazer"... E assim lá se vai o "establishing2 para as urtigas. Volvidos cinco minutos, para além de sabermos que o protagonista, que ainda não vimos, foi pai recentemente, também sabemos que o "sogro" exerce enorme influência sobre o interesse amoroso (Jeanne) do protagonista. Estamos portanto a oscilar entre lugares comuns e diálogos pueris.<BR/><BR/>Finalmente conhecemos o protagonista, Modigliani (Andy Garcia), no dito café de Paris. O cliché do artista amado e incompreendido, garrafa de vinho na mão e rosa atravessada na boca. Todo o filme continua de cliché em cliché até ao cliché final. Modigliani é judeu, o sogro não gosta dele. Tudo isto é-nos dito de forma óbvia e com diálogos de novela mexicana (das más). A realidade histórica como a paixão em Modigliani pela escultura africana e pela escultura em geral, as suas viagens a Itália, a sua amizade com Picasso (retratado como uma espécie de árabe obeso, que anda de revólver na mão) é deixada para trás. Pensei que isto era o filme mas estava enganado.<BR/><BR/>A meio da obra que não começou, Davis resolve colocar uma história. A história do Karate Kid. Pensem bem: foi Davis que escreveu "Wake of Death" para Van Damme, é um realizador versado nas artes marciais. Para mais deve ter pensado que Modigliani é um nome italiano, tal como Daniel La Russo. São coincidências a mais... Tal como no clássico dos anos oitenta, assistimos a um torneio, neste caso um concurso de pintura. Modigliani terá que lutar contra um grupo de pintores em que se destaca Picasso e o seu séquito (Olga Koklova, sua esposa e o malvado Jean Cocteau) qual "Cobra Kay" do modernismo. Tudo se encerra numa noite de pintura alucinante, ao som de uma ópera "trashy", pseudo-New Wave, que faz com que o "Eyes of the Tiger" pareça um hino. Todos treinam para o grande concurso. Fingem que pintam, sem que se veja o que pintam. Saltam, gritam, entram em fúria ou êxtase, dão-nos, em suma, mais um cliché da criação artística. Mas ao romper da aurora, exaustos, mas felizes, todos consideram concluída a obra. <BR/><BR/>Davis é aquele tipo de realizador que ainda pensa que os espectadores têm paciência para ver por exemplo um "biopic" sobre um pianista sem que o actor que o interpreta saiba tocar piano. É que Garcia não chega a dar duas pinceladas durante todo o filme. No final, na grande noite da decisão, quando Rivera, Picasso e "sus muchachos" mostram os seus quadros grandes e coloridos, são derrotados pela simplicidade de Modigliani. Todos batem palmas ao pintor italiano como se o reconhecimento da qualidade de um quadro fosse uma coisa automática. Para ser mais trágico Modigliani morre. Pelo menos o filme tem meio e fim, só lhe falta o princípio.<BR/><BR/>E quem se lixa é o mexilhão. Modigliani precursor da vanguarda do movimento modernista e pintor de excepção é neste filme reduzido a um amante latino barato, de beijo na boca. Os seus quadros originais não são mostrados por exigência prévia da família do pintor (bastante inteligente) e a sua vida é reduzida a um conjunto de banalidades e lugares comuns. Modigliani merecia melhor… mas também o Karate Kid.
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Um dos melhores

Sofia Afonso

Foi um dos melhores filmes que já vi até hoje. "Modigliani" é um exemplo de um bom filme que retrata a história de um jovem pintor judeu, rival de Picasso, que morre aos 36 anos, vítima de um assalto após a sua saída de um bar para um concurso de pintura bem sucedido, saindo vencedor com um simples, mas glorioso quadro intitulado "Jeanne", nome de sua nunca esposa, mas sempre um grande amor. Um ano após a morte de Amedeo Modigliani, a pequena filha, com o nome da mãe, ficou orfã de pais pois a sua mãe suicidou-se com a dor e o desespero da morte do seu único amor verdadeiro. Um filme que vale a pena ver.
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A tela como salvação

Nupe

Esta fita retrata como a arte (neste caso a pintura) tanto pode ser uma forma de perdição/salvação ou luxo/desespero. Perdição derivada ao turbilhão de vícios e loucura -muitíssimo bem personificados por Andy Garcia na pele de Modigliani - que tanto lhe servem de inspiração, como de condenação, não só da sua obra, como da sua vida. Salvação porque só através desta, o pintor italiano se consegue livrar da sua triste condição humana, ascendendo assim a artista de referência entre os seus pares e sentir que tem algo a oferecer a si próprio e aos outros. No que respeita ao luxo, este é devidamente retratado por Picasso (Omid Djalili), o qual só necessita de desenhar um mero esboço ou dar um autógrafo para se sustentar e à sua bela mulher, (Eva Herzigova).<BR/><BR/>Em certa altura do filme, Renoir (nesta altura já inactivo na pintura) volta a demonstrar o valor da arte, exemplificando como consegue ser o "Deus da pintura", e o seu (abastado) reconhecimento material. O desespero é nos transmitido pela "belíssima" mulher de Mogliani, Jeanine Hebuterne (Elsa Zylberstein numa sofrida interpretação), que está disposta a tudo por amor, nunca deixando de o amar e apoiar, mesmo que de formas menos ortodoxas, deixando por vezes Mogliani se sentir no céu na companhia de "um anjo". Em suma, um filme emocionante, que não se deve perder.
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Loucura e arte

Nazaré

A primeira coisa que se lê é um aviso de que a fita apenas se baseia em factos históricos. Mas não é um filme histórico. Apesar disso, não deixa de fazer um belo esforço de realismo sobre o ambiente dos artistas de vanguarda no início do século XX (neste caso, entre 1918 e 1920, e especificamente os de Montparnase). As figuras históricas e o ambiente servem de pretexto para abordar a loucura ou, se se preferir, a alienação da realidade, neste meio. E o talvez mais excessivo de todos, Amadeu Modigliani (Andy Garcia), foi o escolhido para figura central. A loucura e a arte formam um triângulo com a droga, seja ela haxixe e ópio, o vinho, ou a mais devastadora de todas, o absinto. A maneira como Modigliani viveu esse triângulo não o implica só a ele, mas também àqueles que o rodeavam e amavam, incluindo Jeanne Hébuterne, a mulher a quem se uniu (Elsa Zylberstein, tão central nesta fita como Garcia).<BR/><BR/>À distância e literalmente uns degraus acima, o círculo que rodeia Pablo Picasso observa mas não se aproxima — à excepção do próprio Picasso, que consegue resguardar-se sem no entanto escapar ao fascínio pelos que vivem "do ar" como Modigliani, e nomeadamente por Modigliani, cuja arte não podia deixar de impressionar quem, como Picasso, tivesse olhos para ver. A relação amor-ódio entre eles, factual ou não, é em si mesma um motivo de grande interesse para ver esta fita.<BR/><BR/>O concurso, esse sim provavelmente fictício, é talvez o aspecto mais banal da fita. Mesmo assim, gostei da sequência em que se mostram os diversos concorrrentes durante a criação dos seus quadros. Apesar do seu gregarismo/exibicionismo social, ali estão mesmo a sós consigo próprios.<BR/><BR/>Outros temas são abordados mais superificalmente, mas dignos de nota: o mercantilismo da arte (a maneira como os bens de Auguste Renoir são avaliados leva-nos muito perto da verdade derradeira), o anti-semitismo francês, a relação entre artista e modelo (a menina que gosta do retrato que Modigliani lhe fez, o tema dos olhos de Jeanne).<BR/><BR/>Andy Garcia faz um bom trabalho nesta fita, que remonta já a 2004. Artisticamente impecável, gostava de destacar nela a fotografia, tão texturada (é um prazer para os olhos). No lado negativo, o ter escolhido uma lógica de filme biográfico ("biopic"), pois é fazer batota, levando o espectador a deixar-se embalar pela suposta historicidade das cenas. O melhor reflexo dessa batota é a canção de Piaf, que tanto se pode ver como uma liberdade criativa como uma nota de rodapé a dizer: nada disto aconteceu. Salvo o tema da loucura e as vidas que o viveram, isso aconteceu e está magnificamente retratado.
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O melhor dentre todos

Simone Ceccon

Acho impossível comentar algo agora, pois estou num estado de fascínio e acho que até um tanto catatônica. O adjetivo que me vem nesse exato momento é "encantador", uma aula nota 10. Na minha opinião, todos deveriam assistir para ter uma noção dos sentimentos que a arte é capaz de nos dar.
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