Daniel Johnston é um louco, Dan Johnston é um génio
João Guerra (http://mr-robinson.blogspot.com)
Daniel Johnston é um louco. Dan Johnston é um génio. Este é o mote do documentário em torno de umas das figuras mais carismáticas da cena musical do rock-folk americano. A história desta personagem é apresentada através de um inteligente intercalar de entrevistas e testemunhos de pessoas que estiveram presentes na vida de Daniel, articulados com registos em áudio e vídeo realizados pelo próprio e que conferem ao filme um registo dinâmico e extremamente realístico (um pouco ao jeito de "Tarnation"). O filme inicia-se nos anos 70. Daniel, ainda um jovem, dava sinais da sua genialidade através da escrita e interpretação de músicas baseadas na sua história pessoal, e vídeos caseiros nos quais recriava diversas personagens do seu quotidiano e universo, entre as quais a sua própria mãe. Os anos 80/90, época de maior expressividade da sua obra, são também a altura em que a doença bipolar de que padece mais se evidencia. Nos dias de hoje, quando Daniel está na casa dos 40, leva uma vida regada de medicação e cuidados, mas continua a ter oportunidade de criar.<br/><br/>Durante duas horas são documentados vários episódios da atribulada "carreira"/"vida" deste talentoso músico (e original cartoonista), e do culto gerado em torno desta figura por uma comunidade alternativa que o idolatrava e acarinhava. As suas actuações revelavam o quão perturbado, maníaco e alucinado conseguia ser. A partir de determinada altura - que culmina no seu internamento - Daniel, que teve uma educação extremamente religiosa, começa a levar à letra e a adulterar o sentido das Escrituras, pondo algumas delas em prática...<br/><br/>Ao longo dos anos as suas letras e melodias, íntimas, profundas, apaixonadas, foram sendo utilizadas por artistas como Mercury Rev, Flaming Lips, Tom Waits, Beck ... o que contribuiu para que o seu trabalho se tornasse conhecido por um maior número de pessoas. Este filme, vencedor do prémio do público para melhor documentário no festival de Sundance 2005 (e melhor realizador), é um verdadeiro exemplo de como a genialidade e a loucura estão de mãos dadas.
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