La Caja - A Caixa
Título Original
Realizado por
Elenco
Sinopse
Críticas Ípsilon
Cinzas no deserto
Um garoto sem pai a descobrir, com toda a ambiguidade do espanto, um avatar da autoridade masculina: A Caixa, de Lorenzo Vigas
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Visita ao submundo
Nazaré
Ver um filme também pode ser uma forma de viajar, não como acontece nos documentários, mas pela imersão através das personagens. Uma parte do interesse em vir ver esta fita é essa viagem, a um canto meio perdido do estado mexicano de Chihuahua, que nos mostra as fábricas, os roubos, antes de tudo as mortes... a mentira. Não é uma visita turística, naturalmente.
E é um chavalo aí duns 13 anos (Hatzín Navarrete) que nos leva até lá — ele que não sabe mentir, mas que ali é levado a fazê-lo. Personagem com ideias fixas, que aparentemente se confirmam todas, habitua os outros ao seu silêncio mas não sem revelar lampejos de inteligência que até são apreciados.
Com ele contracena o suposto pai (Hernán Mendoza), que começa por estar relutante mas depois se torna muito paternal, e passa a confiar em Hatzín quando este vence o obstáculo da primeira mentira. Mas comete um erro: demonstra a certa altura, que, antes ou depois, mentiu ao rapaz. Aí toda aquela relação algo confusa desmorona-se.
Estupenda parelha de personagens.
Muito hábil o argumento, linearíssimo, sem complicações, um encadeamento sempre natural, sem grande espectáculo, que acompanhamos sem esforço. Habilidade também, em evitar entrar por clichés.
A realização é eficaz, e a partir de certa altura notei que se repetia um jogo com as lentes, frequentemente deixando personagens ou até planos completos na bruma da desfocagem, o que não perturba pois faz maravilhas para evidenciar aquilo que entretanto fica — cristalino — em foco. E que dizer daquelas marcas dos dedos na cara, ou de deixar a câmara a apontar para os pés e o seu rasto de neve? Eu digo que é brilhante.
4 estrelas
José Miguel Costa
O filme "La Caja - A Caixa", do venezuelano Lorenzo Vigas, é um dramático e emocional coming of age com uma certa ambiência de "faroeste selvagem" (reforçada pela filmagem em 35 mm), que traça um retrato cru (através de uma abordagem mais observacional/visual do que narrativa) das misérias do México contemporâneo (nomeadamente, a orfandade sem qualquer proteção social e a escravatura laboral a que se submetem os "sortudos" que conseguem pisar a terra do Tio Sam) sob a perspectiva de um adolescente (um actor não profissional que nos arrebata!).
Um conto moral simples, passado no árido distrito mexicano de Chihuahua (que faz fronteira com os USA), que segue os passos de um rapaz introspectivo (que vive com a avó paterna na Cidade do Mexico) a partir do momento em que este vai recuperar, num serviço estatal fronteiriço, uma caixa com os restos mortais do pai (figura nunca presente e que nem sequer conhece), encontrados numa vala comum. Todavia, quando este já se encontrava no interior do autocarro de regresso a casa vê passar um homem em tudo similar à foto que detém do seu progenitor, motivo pelo qual decide permanecer no local para indagar essa insólita situação.
É uma obra que, para além de angustiante, nos desconcerta pela constante ambivalência dos dois protagonistas.
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