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Katalin Varga
Título Original
Katalin Varga
Realizado por
Elenco
Sinopse
Depois de revelado um segredo de anos, Katalin Varga (Hilda Péter) é repudiada pelo seu marido e ostracizada por toda a aldeia, sendo obrigada a partir com Orban (Norbert Tankó), o seu filho de dez anos, numa longa e incerta viagem em busca do verdadeiro pai da criança. Durante 11 anos, ela guardou o segredo e não se atreveu a seguir as estradas da Transilvânia, mas nada do que a trouxe até ali foi esquecido. Ao longo do caminho, as paisagens cada vez mais perturbadoras lembram-na que, no final da jornada espera-a o seu passado mas, com ele, também a possibilidade de remição.
Primeira obra de Peter Strickland, um filme bucólico na Hungria rural sobre vingança e redenção.
Urso de Prata no Festival de Berlim de 2008 - Prémio para a Melhor Contribuição Artística.
Primeira obra de Peter Strickland, um filme bucólico na Hungria rural sobre vingança e redenção.
Urso de Prata no Festival de Berlim de 2008 - Prémio para a Melhor Contribuição Artística.
PÚBLICO
Críticas Ípsilon
Críticas dos leitores
“Mas se houver acidente fatal, darás vida por vida, olho por olho, dente por dente”
Carlos Natálio / http://ordet1.blogspot.com/
Peter Strickland, 37 anos, admitiu nas conferências de imprensa de apresentação de “Katalin Varga”, co-produção inglesa, romena e húngara, pelo qual foi nomeado ao Urso de Ouro em Berlim no ano passado, que estava convencidíssimo que ia falhar, mas que se isso acontecesse mais valia fazê-lo “com estilo”. Percebe-se a angústia. Afinal não é todos os dias que um inglês, estreante na realização e sem formação em cinema, escreve uma história de vingança de uma mulher e depois decide ir filmá-la para a Transilvânia, com actores romenos e sem dominar a língua local. Katalin Varga (Hilda Péter) vive com o seu marido e filho, Órban, até ao dia em que na vila se descobre o seu passado. O marido ao saber que esta em tempos foi violada, expulsa-a de casa, pelo que Katalin se mete à estrada com o filho, numa carroça, Cárpatos acima, com o intuito de procurar os seus violadores e obter a sua vingança. O desconhecimento da língua local que falávamos, mas também desconhecimento do lugar, e este é, note-se, um filme de espaços, surge como central em “Katalin Varga”, o filme. Dota-o de uma condição de estrangeiro, por onde quer que se queira olhar para ele. Da preocupação social vinda da muita falada nova vaga romena nem vislumbre, dado a sua condição de parábola cristã que rumina os desígnios da vingança. Mas curiosamente fá-lo com um olhar “abismado”, numa paradoxalidade quase becketiana, que ora o ancoram num tempo que é todos os tempos, ora o situam próximos de nós, como indicam o uso do telemóvel, por exemplo. Ao inverso, mantém-se o sentimento de não pertença: um filme britânico mas com personagens que poderiam ter surgido de uma mitologia ou folclore russo e, acima de tudo, que se deixam absorver pela atmosfera inquietante que o extraordinário trabalho de som, que mescla o sobrenatural electrónico e o naturalismo das paisagens, veicula. O filme foi mesmo galardoado com o Urso de Prata de Melhor Contribuição Artística pelo seu sound design em Berlim. A própria câmara de Strickland parece ter chegado a um impasse, com uma história com algumas semelhanças a Jungfrukällan (“A Fonte da Virgem”), de Ingmar Bergman, mas cujos cordelinhos são puxados por uma direcção de actores que mostra a marcação, as pausas, em suma, o teatro no seu cinema, e que alterna entre procurar as pessoas nos seus planos aproximados e procurar os caminhos de terra, a floresta dos Cárpatos ou os interiores rurais sombrios. Assim, deste dolente “goat road” movie transcendental, entre a parábola cristã sobre a vingança e a meditação atmosférica com clara proximidade ao cinema de Tarkovsky, arriscam-se poucos mais vaticínios para além da inclassificabilidade do olhar de Strickland, mas sobretudo do seu gesto na realização. “Katalin Varga” estreia esta quinta-feira, 16 de Dezembro.
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