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Juventude em Revolta
Título Original
Youth in Revolt
Realizado por
Elenco
Sinopse
Nick Twisp (Michael Cera) era um adolescente pouco comum: intelectual, afável, ponderado e com um gosto apurado por todas as manifestações artísticas. Até ao dia em que se apaixona perdidamente por Sheeni Saunders (Portia Doubleday), uma rapariga insubmissa e revoltada. Infelizmente todos parecem conspirar contra eles e a família, amigos e conhecidos, todos os querem ver separados. Tendo a personalidade de Sheeni como inspiração, Nick resolve deixar crescer o bigode e criar um alter-ego menos enfadonho: Francois, o engatatão do bairro que mais parece saído de um filme dos anos 30. E é como Francois que a sua nova existência recomeça, com todos os perigos que uma vida desregrada pressupõe.<br/>
Realizado por Miguel Arteta ("Star Maps", "É Agora ou Nunca"), é inspirado no primeiro livro da série "Youth in Revolt: The Journals of Nick Twisp" escrito em 1993 por C. Douglas Payne.<p/>PÚBLICO
Críticas dos leitores
Cherchez La Femme adolescente
Fernando Costa
“Juventude em Revolta” é uma espécie de versão masculina de “Juno” sem uma gravidez para complicar. E isso é tão mais sintomático quanto “Juventude em Revolta” vai roubar a “Juno” o actor Michael Cera, para interpretar o papel de um adolescente categoria delta mas não completamente “geek”, e até tem cenas tipo postal ilustrado animado que recordam o filme referido. Apesar de semelhante na forma como aborda o universo adolescente, “Juventude em Revolta” é muito diferente no tom e tipo de humor; outra coisa não se poderia esperar uma vez que o protagonista aqui é outro. O argumento escrito por Gustin Nash, baseado no livro “Youth in Revolt: the Adventures of Nick Twisp” de C.D. Payne, conta-nos a história de Nick Twisp (Michael Cera) um adolescente solitário que se apaixona por uma rapariga Sheeni Saunders (Portia Doubleday) que tem um namorado adolescente categoria alfa (Trevor). Para conseguir a rapariga Nick decide tornar-se “mau” (leia-se o típico adolescente mal comportado e que faz coisas irresponsáveis) para ser expulso de casa da mãe e ir viver com o pai para a cidade onde vive Sheeni. A partir daqui o guião desdobra-se em encontros e desencontros entre as duas principais personagens com Nick a tentar tudo, mesmo tudo para conseguir - É que Nick apesar do seu lugar na escala de “ranking” dos adolescentes não tem nada de idiota, tem “insight” sobre mundo exterior e sobre as pessoas que o rodeiam maior do que o de alguns adultos, não se deixa maltratar defendendo-se, é claro dentro das suas possibilidades e está determinado em conseguir a rapariga. “Juventude em Revolta” comédia “séria” sobre o universo adolescente é realizado de forma “enxuta” por Miguel Arteta sabendo aproveitar o guião e actores (em particular Michael Cera). O filme tem uma determinada característica, diremos um certo tom, que parece originar-se da personagem de Cera - é como se aquela permanente seriedade calma, quase onírica mas bem desperta (leia-se atenta), intrínseca a Nick contaminasse todo o filme, desde a realização às outras personagens ao humor, que é aqui predominantemente (exceptuando alguns “gags” mais forçados) “seco” (do inglês “dry humor”). Uma das ideias mais bem conseguidas é o alter-ego de Nick, François, assim chamado porque era o nome do namorado de sonho de Sheeni (apaixonada pela cultura francesa). É que Nick a certa altura e acreditando não ser capaz de fazer o necessário para atingir os seus objectivos (neste caso ficar com a rapariga) cria François, adolescente seguro de si e “cool”, que consegue fazer todas as irresponsabilidades, agir e dizer aquilo que Nick aparentemente nunca conseguiria. François não é simplesmente o típico adolescente alfa de sucesso (para isso temos Trevor contra o qual Nick se vai defrontar), é a adaptação possível a Nick da interpretação que este faz do “mito” do adolescente delinquente e é tão bem conseguido…Os adultos do filme são visto com olhos evidentemente críticos como já acontecia em “Juno” e em outros filmes sobre adolescentes: os adultos parecem existir num outro universo - nada mais real quando se tem 14 anos idade. Mas o interessante sobre “Juventude em Revolta” é que consegue tratar o adolescente masculino não alfa e as suas preocupações de forma humorística mas honesta e arriscamos a dizer de forma mais profunda que “Juno” fazia em relação à sua protagonista. É que “Juventude em Revolta” expõem mais Nick do que “Juno” expunha Juno. E conseguir profundidade da maior preocupação da adolescência masculina, que quer se seja alfa ou não é “como é que eu vou conseguir a rapariga?” já não é pouco (desculpem não quero parecer redutor e já agora em minha defesa digo que sou do sexo masculino). É que há sentimento neste filme e um sentimento enorme… (“…estive sozinho toda a minha vida…”, “…fiz tudo isto para não estarmos mais sozinhos…” diz Nick no filme). Uma última frase para reforçar Cera: se Ellen Page conseguia uma excelente interpretação em “Juno” o mesmo se tem de dizer no mínimo sobre Michael Cera, que constrói eximiamente Nick (ao qual imprime um charme não usual para adolescente) e o seu alter-ego François. Resumindo: “Juventude em Revolta” é um “cherchez la femme” adolescente que funciona e se vê com muito agrado. Vão ver… **3/4 (2,75/5)
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