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Ice Merchants

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Curta, Animação 14 min 2022 M/6 16/02/2023 FRA, POR, GB

Título Original

Realizado por

Sinopse

Com assinatura de João Gonzalez, esta curta-metragem de 14 minutos teve estreia mundial em Maio de 2022, na Semana da Crítica do Festival de Cinema de Cannes, onde recebeu um Prémio do Júri, e fez história por ser o primeiro filme português a ser nomeado para os Óscares da Academia. Natural do Porto, onde nasceu em 1996, João Gonzalez tem em “Ice Merchants” a sua primeira produção profissional, depois de "The Voyager” (2017) e de “Nestor” (2019). Além da realização e argumento, o cineasta é também responsável pela banda sonora, na qual foi ainda instrumentista. A história centra-se num homem que vive com o seu filho numa casa no alto de um precipício. Para vender gelo aos habitantes da aldeia situada na planície abaixo, todos os dias eles saltam de pára-quedas. PÚBLICO

Críticas Ípsilon

Ice Merchants: o fogo e o gelo

Jorge Mourinha

Antes dos Óscares, Ice Merchants chega às salas. Não embandeiremos em arco com as possibilidades; saboreemos apenas um belíssimo filme feito por alguém que sabe claramente o que é o cinema.

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Críticas dos leitores

Um filme sem palavras que nos deixa sem palavras

Fernando Pimentel

O mundo de hoje precisa como sempre de tecnologia, mas talvez ainda mais de pessoas que se comovam (todos nos lembramos de uma em particular). Porque o equívoco fundamental com um míssil, é que se considere que ele serve melhor como um projeto de engenharia do que como um projeto de belas-artes. Quando aquilo que se mostra é tão pouco e chega tão fundo, como no caso deste filme, percebemos que estamos diante de uma outra economia, que felizmente alguém se deu ao trabalho de incubar (não faço ideia quem). Uma economia de palavras, imagens, cores, sons, ideias e tempo, que emprega um mínimo de recursos para fazer o melhor cinema possível. Parte do segredo da beleza da película está aí, ao nível da melhor poesia que tenho lido, o que faz dela um objeto que transcende o género. Arte é simplesmente arte. O filme tem forma e estrutura, finíssimas aliás, mas estas desvanecem-se completamente a deixá-lo muito acima delas, retirando-se na altura certa. Ficam então os planos e o som que nos fazem levitar, apesar de sentirmos os pés bem assentes no chão da sala (a lógica determinista nunca se vai embora, com talvez uma única exceção). Tive a “sorte” de numa primeira visualização ter conseguido ver apenas os últimos 5 minutos (não houve anúncios), o que me fez voltar à sala no dia seguinte, e reparar em subtilezas do final que me tinham escapado à primeira. Um crítico do Público já o tinha referido, e não é demais reforçar, que neste filme o mais pequeno pormenor está lá por alguma razão. No mesmo dia em que de manhã peguei no “The emperor’s new mind”, do Roger Penrose, livro do famoso físico que há 34 anos advogava com rigor a impossibilidade de existência de uma inteligência artificial “forte” (máquinas que pensam e sentem como os humanos), à noite, e apesar de saber que existe uma corrente de opinião contrária, depois de ver este filme, é como se tivesse tido uma prova experimental da sua tese. Fiquei com a sensação de que nunca, jamais, uma máquina será capaz de fazer um filme assim. Àcerca de ser português o filme mais eficiente que vi até hoje (o que consegue ser mais cinema em menos tempo - 15 minutos), sinto um orgulho especial. Talvez com este trato nas coisas criativas (aquelas que os computadores não fazem) reencontremos o nosso lugar próprio na história. Este filme dura o tempo que fazemos perder a alguém com aquela habitual mentira de que chegamos a uma certa hora, quando sabemos que só apareceremos quinze minutos mais tarde. Porque não sugerir a essa pessoa que os empregue na curta-metragem e depois oferecer-lhe o bilhete como contrapartida pela despesa extra no parquímetro devido ao atraso? A despesa andará ela por ela, e como se diz na economia, tempo é dinheiro. Bom demais para os óscares.

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A perfeita combinação num só filme

Lou Loução

"Ice Merchants" é um filme com uma linguagem universal de amor, tristeza, empatia e família, uma língua transversal a todas as idades, línguas e nacionalidades, a linguagem do cinema. "Ice Merchants" é não apenas um belíssimo filme muito bem desenhado, pensado, escrito e concretizado mas um filme de urgência e empatia.

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