Na qualidade de professor de Geografia convidei duas turmas do 8º ano a assistir ao filme "Hotel Ruanda". Estamos, portanto, a falar de jovens que possuiam três a quatro anos quando estes acontecimentos ocorreram. Procurei com esta ida ao cinema sensibilizar para os problemas que países como o Ruanda enfrentam, quer a nível interno quer externo (leia-se, ajuda internacional) e também para a importância de uma tomada de decisão (nunca fazer como Pilatos, leia-se comunidade internacional). No final, entre uma ou outra lágrima, um conjunto de alunas dirigiu-se até mim e disse: "Professor, obrigado". Eu respondo: "Eu é que agradeço".

Lembro-me de ter havido um conflito no Ruanda quando era pequena. Mais nada, por isso fui ver este filme. Foi arrepiante e cheguei a chorar compulsivamente.. e a realidade deve ser bem mais assustadora. Horrível. Mas, como disse o jornalista: "Achas que estas imagens são mesmo úteis (imagens de um motim)? Pelo que eu sei, as pessoas no mundo ocidental vão ver isto, dizer 'Que horror', e vão continuar a comer o seu jantar." Acho que são muito úteis estes filmes que desenvolvem a nossa sensibilidade interpessoal, o nosso sentimento de compaixão, principalmente na nossa cultura em que muitos (incluindo eu) vivem alienados destas realidades. Porque não estar atento ao mundo e exercer o nosso poder na democracia em que se vive actualmente? E continuam conflitos semelhantes em África... todos os dias pessoas a viver aquele horror.

O filme é mesmo muito bom, comove muito, se fosse mais real talvez fosse excelente, mas só de imaginar a realidade retratada no filme dói!