A História de Souleymane
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Elenco
Sinopse
Souleymane é um jovem guineense que trabalha como estafeta da Uber em Paris enquanto se prepara para um dos momentos mais importantes da sua vida: a entrevista que possibilitará obter o estatuto de imigrante e que lhe abrirá caminho para concretizar os seus sonhos. Mas ter tempo e equilíbrio mental para tentar a legalização, enquanto gasta quase todas as horas do dia a trabalhar ou em busca de uma vaga para dormir num qualquer centro de apoio a sem-abrigo, revela-se tremendamente difícil.
Um drama realista realizado pelo francês Boris Lojkine, também responsável por “Hope” (2014) e “Camille” (2019), que escreve o argumento a quatro mãos com Delphine Agut. Pela sua interpretação neste filme, o estreante Abou Sangar recebeu o prémio de melhor actor na secção “Un Certain Regard" do Festival de Cannes. PÚBLICO
Críticas dos leitores
A história de Souleymane
Fernando Oliveira
São duas as histórias de Souleymane que Boris Lojkine nos conta neste filme. Numa, Souleymane pedala sem parar, numa actividade intensa a distribuir encomendas de comida ao mesmo tempo que “inventa” uma história para contar na entrevista, quase a acontecer, em que será analisado o seu pedido de asilo.
Esta não é a segunda história do filme; na entrevista, um momento de “abalo” que parece não ter fim, Souleymane conta primeiro a mentira, mentira já contada mil vezes àquela mulher (interpretação magnifica de Nina Meurisse), a segunda história é a verdadeira história de Souleymane, a razão porque emigrou da Guiné-Conacri, os problemas de saúde da mãe com quem fala pelo telemóvel várias vezes durante o filme, razão que o levou a abandonar a noiva, pedindo-lhe até para casar com outro homem.
É portanto um filme sobre os novos escravos na sociedade digital moderna que servem os “ricos” europeus, em condições de vida e trabalho, que para eles são o mesmo, miseráveis; na primeira parte, um olhar que parte de dentro, Lojkine toma o olhar de Souleymane e dos outros imigrantes, todos eles de origem africana, clandestinos e a trabalhar de forma ilegal; filmada em Paris é uma troca de olhares entre a câmara do realizador e o olhar dos personagens, todos eles verdadeiros imigrantes, mesmo Souleymane (Abou Sangare, o imigrante que o interpreta é absolutamente extraordinário no enleio da sua fragilidade e na força que o faz sonhar), todos eles a resistirem às agressões constantes, uma forma de vida que é tão cruel quanto absurda na sua contradição fundamental: o quanto precisamos deles, o quanto os tratamos mal. Um olhar que nos dá a conhecer a realidade destas pessoas “esmagadas” pelos sons e a azáfama da cidade, pelos outros.
A segunda história, a verdade de Souleymane, é uma das cenas mais intensas que vimos no Cinema nos últimos meses, o confronto entre um homem que primeiro mente e uma mulher que não pode ceder às emoções; mas que talvez ceda, e que “exige” a Souleymane a verdade, vem daquela mulher que o olha de forma inexpressiva a única ajuda que aquele homem recebe.
E a câmara abandona aquela sala em “silêncio”. Um silêncio que nos angústia. É muito bom Cinema e é um dos filmes mais importantes que vi este ano. (em "oceuoinfernoeodesejo.blogspot.com")
A História de Souleymane
Isabel Cardoso
Inteligente, empático e capaz de mostrar a complexidade da realidade, sem tentações maniqueístas. O desempenho do jovem ator protagonista é excelente.
Consumismo, consumação
Maria da Silva
Um filme realista, não moralista, que interpela e questiona. A ver obrigatoriamente.
A história de Souleymane
M. Costa Martins
A verdade que pedala frenética ao nosso redor transporta gritos de sobreviventes pelas dores havidas na caminhada migrante e pelas dores recebidas em cais de acolhimento assaz (des) promissores!! Sem romantismo. Avassalador. Amor profundo.
4 estrelas
José Miguel Costa
O filme "A História de Souleymane", do realizador francês Boris Lojkine, é um drama social ultra-naturalista (com algumas características de thriller) que se embrenha no desumano submundo dos novos escravos do capitalismo neoliberal digital com o objectivo de confrontar-nos com as precárias condições de vida do exército de imigrantes indocumentados "sem rosto" que pedalam de bicicleta incessantemente pelas cidades ocidentais para que não tenhamos de levantar o rabinho dos sofás quando estamos sem pachorra para confecionar refeições, pegamos nos nossos smartphones "xpto", e simplesmente acedemos às aplicações do género "Uber Eats".
Esta obra, que valeu ao (carismático) jovem protagonista Abou Sangare (um guineense não actor, imigrante ilegal) o galardão de melhor actor na secção "Un Certain Regard" do Festival de Cannes e nos Prémios do Cinema Europeu, segue a stressante rotina de um solitário estafeta em Paris, durante as 48 horas que antecedem a entrevista que decidirá o direito a eventual usufruto de asilo no país que já percebeu não ser o "El Dorado" que o impeliu a enfrentar todo um inimaginável "Cabo das Tormentas".
Encontra-se em constante contra-relógio para satisfazer os pedidos dos clientes e arranjar diariamente vaga nos dormitórios para pessoas em condição de sem-abrigo. Como se tal não fosse já per si uma tarefa hercúlea ainda é, como a generalidade dos imigrantes, recorrentemente vítima de violência (física e psicológica) e dos mais diversos esquemas de extorsão de dinheiro (inclusive, por parte dos seus pares).
Este impactante filme agiganta-se quer pela performance genuína/instintiva do protagonista, como pela forma como este é captado pelo cineasta, através de frenéticos planos com câmara de mão ou em bicicleta, e sem recurso a luz artificial, dotando-o, desse modo, de um apelativo realismo cru.
A história de Souleymane
Armindo Acácio Barbosa Silva
Uma luta para melhores condições de vida. Somos todos cidadãos do mundo.
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