O sueco Gustav Möller, após ter-se estreado nas longas-metragens com o notável "O Culpado" (2018), reforça o seu estado de realizador a "manter debaixo de olho" através do seu novo filme "Filhos" (selecionado para competição pelo Urso de Ouro no Festival de Cinema de Berlim), que mergulha de cabeça no interior do sistema prisional para explorar com sapiência, e sem juízos de valor, o ambiguo conceito de culpa(s) e as consequentes tentativas de (impossível) redenção e/ou punição.

Um vigoroso e tenso mix entre o drama prisional (que abdica dos habituais clichés que, por norma, caracterizam este género cinematográfico) e o thriller psicológico prestes a explodir "à mínima faísca", cuja acção se limita ao claustrofóbico microcosmos (hiperbolizado pelo recurso ao formato em ecrã quadrado reduzido, bem como à opção por uma fotografia exclusivamente pincelada a cores sombrias) da ala de alta segurança de uma prisão.

Acresce uma montagem frenética e (sobretudo) a visceral performance "não-verbal" da actriz Sidse Babett Knudsen, que encarna Eva, uma solitária guarda prisional idealista, percepcionada pelos seus como um exemplo de profissionalismo à prova de bala, que altera abruptamente a sua conduta comportamental após a admissão no estabelecimento prisional de um jovem homicida ultra-agressivo. Terão estes dois elementos qualquer vinculo passado? É isso que descobrirão (gradualmente) se fizerem o favor de visionar este filme.

Bem interpretado e com excelente argumento.