“Os Fantasmas”, primeira longa-metragem do francês Jonathan Millet, é um thriller psicológico com uma forte componente dramática (apesar do seu ritmo desapressado e narração sóbria) e pleno de suspense (remetendo-nos para o universo dos clássicos de espionagem), inspirado em factos reais, que explora as temáticas do exílio, os (insuperáveis) traumas decorrentes de contextos de guerra, o luto, a tentativa de redenção e a (busca de) justiça.

A história acompanha a missão diária (quase obsessiva) de Hamid (Adam Bessa, que nos induz tensão até à medula), um solitário exilado sírio em França, antigo professor de literatura (actualmente, a efectuar biscates na construção civil), integrante de uma organização clandestina que busca, de forma metódica, ex-carrascos do regime do sanguinário Bashar al-Assad, escondidos na Europa com identidades falsas, com o objectivo de denunciá-los ao sistema judicial (ou, em última instância, efectuar justiça por conta própria).

Tem a originalidade de evitar o horror gráfico, optando por expor os flasbacks dos eventos perpetrados nas prisões recorrendo a comoventes/contundentes testemunhos em voz-off, gravados em áudio por jovens dissidentes políticos vitimas de vis actos de tortura.