Lusco-fusco
Raúl Reis
“Twilight” (crepúsculo ou lusco-fusco, em português) é o nome de um filme baseado no romance homónimo de Stephenie Meyer, uma autora americana de 35 anos que conta vários “best-sellers”, nomeadamente os vários livros da série “Twilight”, que estão traduzidos em 40 línguas diferentes. Stephenie Meyer também é autora do romance de ficção científica, The Host.
A colecção “Twilight” tem como personagens centrais a jovem Bella Swan e um vampiro chamado Edward Cullen que aparentemente vive uma vida normal de adolescente. Se os livros são considerados como literatura para meninas entre os 12 e 16 anos, a versão cinematográfica não desilude: o filme é claramente construído a pensar nesse público. No entanto, a originalidade do tema, os bons actores e o excelente trabalho de realização tornam “Twilight” um filme para todos os públicos, exceptuando os muito jovens.
Bella Swan (Kristen Stewart) é uma jovem de 17 anos que um dia se muda do Arizona, onde vivia com a mãe, para ir morar com o pai (Billy Burke), o chefe da polícia da vila de Forks no estado de Washington. Logo que chega a Forks, Bella repara num belo rapaz, de seu nome Edward Cullen (Robert Pattinson). A jovem ainda não sabe que Edward tem 114 anos e é, na realidade, um vampiro. Edward é mais rápido que Superman, tem tanta força que pode parar um camião com um só braço e aparece de repente em sítios onde não estava há um segundo atrás. Edward e Bella vão apaixonar-se, mas o rapaz-vampiro não quer aproximar-se demasiado dela com receio de a morder, apesar de ele ser um vampiro do tipo vegetariano, que não ataca as pessoas. Contudo, Edward teme que no calor da paixão isso possa acontecer. O terrível drama de Edward leva-o a contar toda a verdade a Bella. Mas quando ele lhe diz finalmente que é um vampiro, Bella fica ainda mais apaixonada antes.
Se um dos dois adolescentes não fosse um vampiro, o filme já seria suficientemente interessante. “Twilight” tem a capacidade de descrever as hesitações de um jovem casal apaixonado. Podia perfeitamente ser um filme sobre dois adolescentes com prioridades distintas: um que quer dormir com o outro, mas que não é correspondido. A inclusão do elemento “vampírico” quase transforma “Twilight” num filme de género, mas com um registo qualitativo acima da média.
A realizadora Catherine Hardwicke tem muita responsabilidade no bom resultado final. A sua capacidade de compreender os adolescentes já foi comprovada em “Thirteen” ou “The Nativity Story”. Além disso, Hardwicke deve ter gostado imenso do livro de Meyer e isso sente-se em cada momento: há uma veneração quase religiosa pelo livro e um respeito do original que é raro no cinema. Mas a realizadora tem ainda mais trunfos, pois trouxe consigo para este filme, a bela e talentosa Rosalie Hale, que Catherine Hardwicke tinha revelado em “Thirteen”. A protagonista Kristen Stewart teve o seu primeiro grande papel no cinema ao lado de Jodie Foster, no filme “Panic Room”. O jovem vampiro é interpretado por Robert Pattinson que tem no seu currículo duas aparições – sempre no papel de mau – em dois filmes de Harry Potter. “Twilight” vai agradar aos adolescentes, e sobretudo às raparigas. Nos Estados Unidos, várias deixas dos diálogos entre os dois apaixonados são frases de culto, tanto devido ao livro como ao filme. O fenómeno de “Twilight” não é certamente ainda da dimensão de Harry Potter, mas começa a assumir proporções globais. Afinal, esta história tem, sobre os livros de J. K. Rowling, a vantagem de girar em torno do amor e essa é sempre a mais universal das aventuras.
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