Contos Cruéis da Juventude
Título Original
Seishun Zankoku Monogatari
Realizado por
Elenco
Sinopse
Realizada a cores e em scope, a segunda longa-metragem de Oshima é um filme representativo da "nova vaga" japonesa do início dos anos 60, que marcou, como todas as outras "novas vagas", um rejuvenescimento dos realizadores e das personagens. Esta cruel história sobre a relação entre uma adolescente e um rapaz mostra, segundo o realizador, o desencanto de parte da juventude japonesa do post-guerra, "que só consegue manifestar a sua cólera de maneira desviada". Texto: Cinemateca Portuguesa
Críticas Ípsilon
Rebeldes sem causa no Japão
Personagens num vazio moral, à deriva, uma das imagens mais estranhas e poderosas do Japão dos anos 60.
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Contos cruéis da juventude
Fernando Oliveira
Filme inquietante, filme transgressor.
Se este novo Cinema criado no início dos anos sessenta do século passado se identifica, antes de mais, pelos temas e pelas suas personagens que entravam em ruptura com os códigos narrativos, e as narrativas, clássicas, então este “Contos cruéis da juventude” (“Seishun zankoku monogatari”) – filme raro, que eu apenas tinha visto uma vez, uma noite, na RTP2 – , o segundo filme realizado por Nagisa Ôshima, é uma das obras essenciais dessa nova forma de “ver” e mostrar as estórias. E continua a ser surpreendente como todas estas novas formas surgiram em muitos sítios, quase sem influírem umas nas outras. Ares dos tempos.
Neste filme é nos contada uma história de dois jovens, e do seu amor, do seu desejo, como uma tragédia íntima, pela impossibilidade da completitude deste, ou de qualquer amor (ideia que Ôshima contaria de forma mais extremada em “Ai no korîda”, em 1976). Makoto e Kiyoshi assaltam homens de meia-idade seduzidos por ela. São duas personagens que vivem fora das regras, uma juventude tão rebelde como perdida (lembrei-me muitas vezes dos filmes de Nicholas Ray), sem âncoras ou militâncias. Viveriam no vazio, se não fosse a intensidade do seu desejo, da urgência do seu amor.
Tudo isto num filme em que as formas são tratadas de forma apaixonada, as cores, a noite, e as cores na noite; ou como o ecrã é ocupado pelos corpos, há algo de fantasmagórico na forma como a câmara se aproxima e filma a intensidade do envolvimento dos corpos dos dois jovens, a “ânsia” de tudo acabar ali, naqueles momentos de entrega. E tudo isto é vertiginoso, por um dos realizadores que melhor soube filmar essa vertigem.
Essencial.
(em "oceuoinfernoeodesejo.blogspot.pt").
A Livraria
Ana Maria da Palma Moreira
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