Compartimento N.6
Título Original
Hytti nro 6
Realizado por
Elenco
Sinopse
Críticas dos leitores
Compartimento nº 6
Fernando Oliveira
Este é um filme sobre viagens. O compartimento numero 6 do título pertence a um comboio numa viagem entre Moscovo e Murmansque, cidade portuária no norte da Rússia perto da fronteira com a Finlândia; é nele que embarca Laura, finlandesa, uma estudante de arqueologia que vive em Moscovo com a namorada e que quer ir visitar umas gravuras rupestres inscritas numas rochas junto ao mar perto daquela cidade; nele também embarca Ljoha que também viaja para aquela zona. Serão os anos noventa, Juho Kuosmanen, o realizador e também argumentista (com Andris Feldmanis, adaptando um romance de Rosa Liksom) inicia a sua história no apartamento que Laura e a namorada partilham em Moscovo, há uma festa, é a véspera da partida de Laura. O combinado era fazerem ambas a viagem, mas como a namorada não pode, Laura resolve ir sozinha. Percebemos logo que nela habita uma tristeza difusa, a alegria extravagante da namorada intimida-a, parece haver nela uma angústia que a reprime; mais tarde, já na viagem, confessa que não sente saudades da namorada, sente saudade da forma como ela olhava para ela. Já Ljoha, o companheiro de viagem naquele compartimento nº 6 é um bruto, agressivo nas palavras e que passa o tempo a beber, regressa ao seu trabalho nas minas. No princípio, tudo os afasta, o desconforto é imenso, o desrespeito dele embaraça-a, pensa em abandonar a viagem na primeira paragem. Mas como a Kuosmanem não lhe interessa as paisagens invernosas, brancas e enevoadas do exterior do comboio, outra “viagem” começa, Laura e Ljoha vão-se “revelando” um ao outro, e “revelando-se” a nós, e um sentimento de afecto cresce entre os dois, a “paisagem” que o realizador filma é o rosto, o comportamento, dos dois. Mas não é um filme sobre a formação de um par, a história impõe sempre as diferenças entre os dois para os “afastar”. Mesmo depois de Ljoha lhe possibilitar o “impossível” – visitar os petróglifos no Inverno – Laura inicia o regresso a casa com um sorriso nos lábios, Ljoha ficou para trás. É um filme sobre uma viagem de comboio, mas também sobre a outra viagem, a que acontece entre o início e o fim daquela relação. Aquele sorriso de Laura reconhece uma descoberta pessoal, acolhe o “mundo”. Há uma verdade em Laura e Ljoha extraordinária. São muito humanos os dois personagens deste filme absolutamente tocante.
(em "oceuoinfernoeodesejo.blogspot.com")
Road movie sobre carris
Nazaré
Há viagens em que o destino é aquilo que menos importa. Na longínqua e fria (mesmo para finlandeses e russos) Murmansk, há um encontro de belíssima humanidade, não de alguém em busca de si mesma, que é chão que já de uvas, mas duma mulher com um homem, o que pode ser sempre reinventado sem que alguma vez se esgote. Muito para lá do que qualquer sinopse possa tentar resumir, é um filme que se vive. Gostei da protagonista Seidi Haarla, mas gostei ainda mais do actor Yuriy Borisov, tecendo uma personagem de imensas matizes e mantendo o seu mistério: de facto, em vez de interpretar as pessoas o melhor é mesmo reconhecê-las pelo que fazem. A mensagem final é dum humor delicioso!
3 estrelas
José Miguel Costa
3 estrelas
José Miguel Costa
Uma viagem com muitos significados
Paulo Barros
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