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Compartimento N.6

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Drama 107 min 2021 09/12/2021 ALE, RUS, Estónia, FIN

Título Original

Hytti nro 6

Sinopse

Década de 1990. Laura (Seidi Haarla) é uma estudante finlandesa que segue viagem no compartimento n.º 6 de um comboio que parte de Moscovo com destino a Murmansk, no Círculo Polar Árctico, onde tenciona visitar antigas gravuras rupestres. Como companheiro de viagem tem Ljoha (Yuriy Borisov), um mineiro russo um pouco rude e com um sentido de humor peculiar, que não desiste de meter conversa. Se, a princípio, os dois parecem demasiado diferentes para qualquer convivência, com o passar das horas as coisas vão-se alterando. 
Estreado no Festival de Cinema de Cannes – onde recebeu o Grande Prémio do Júri –, e com um argumento baseado na obra homónima da finlandesa Rosa Liksom, um drama escrito e realizado por Juho Kuosmanen, naquela que é a sua segunda longa-metragem, depois do sucesso de "O Dia Mais Feliz na Vida de Olli Mäki" (2016) que lhe valeu o prémio "Un Certain Regard", também em Cannes. PÚBLICO

Críticas dos leitores

Compartimento nº 6

Fernando Oliveira

Este é um filme sobre viagens. O compartimento numero 6 do título pertence a um comboio numa viagem entre Moscovo e Murmansque, cidade portuária no norte da Rússia perto da fronteira com a Finlândia; é nele que embarca Laura, finlandesa, uma estudante de arqueologia que vive em Moscovo com a namorada e que quer ir visitar umas gravuras rupestres inscritas numas rochas junto ao mar perto daquela cidade; nele também embarca Ljoha que também viaja para aquela zona. Serão os anos noventa, Juho Kuosmanen, o realizador e também argumentista (com Andris Feldmanis, adaptando um romance de Rosa Liksom) inicia a sua história no apartamento que Laura e a namorada partilham em Moscovo, há uma festa, é a véspera da partida de Laura. O combinado era fazerem ambas a viagem, mas como a namorada não pode, Laura resolve ir sozinha. Percebemos logo que nela habita uma tristeza difusa, a alegria extravagante da namorada intimida-a, parece haver nela uma angústia que a reprime; mais tarde, já na viagem, confessa que não sente saudades da namorada, sente saudade da forma como ela olhava para ela. Já Ljoha, o companheiro de viagem naquele compartimento nº 6 é um bruto, agressivo nas palavras e que passa o tempo a beber, regressa ao seu trabalho nas minas. No princípio, tudo os afasta, o desconforto é imenso, o desrespeito dele embaraça-a, pensa em abandonar a viagem na primeira paragem. Mas como a Kuosmanem não lhe interessa as paisagens invernosas, brancas e enevoadas do exterior do comboio, outra “viagem” começa, Laura e Ljoha vão-se “revelando” um ao outro, e “revelando-se” a nós, e um sentimento de afecto cresce entre os dois, a “paisagem” que o realizador filma é o rosto, o comportamento, dos dois. Mas não é um filme sobre a formação de um par, a história impõe sempre as diferenças entre os dois para os “afastar”. Mesmo depois de Ljoha lhe possibilitar o “impossível” – visitar os petróglifos no Inverno – Laura inicia o regresso a casa com um sorriso nos lábios, Ljoha ficou para trás. É um filme sobre uma viagem de comboio, mas também sobre a outra viagem, a que acontece entre o início e o fim daquela relação. Aquele sorriso de Laura reconhece uma descoberta pessoal, acolhe o “mundo”. Há uma verdade em Laura e Ljoha extraordinária. São muito humanos os dois personagens deste filme absolutamente tocante.
(em "oceuoinfernoeodesejo.blogspot.com")

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Road movie sobre carris

Nazaré

Há viagens em que o destino é aquilo que menos importa. Na longínqua e fria (mesmo para finlandeses e russos) Murmansk, há um encontro de belíssima humanidade, não de alguém em busca de si mesma, que é chão que já de uvas, mas duma mulher com um homem, o que pode ser sempre reinventado sem que alguma vez se esgote. Muito para lá do que qualquer sinopse possa tentar resumir, é um filme que se vive. Gostei da protagonista Seidi Haarla, mas gostei ainda mais do actor Yuriy Borisov, tecendo uma personagem de imensas matizes e mantendo o seu mistério: de facto, em vez de interpretar as pessoas o melhor é mesmo reconhecê-las pelo que fazem. A mensagem final é dum humor delicioso!

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3 estrelas

José Miguel Costa

"Compartimento N°6", do cineasta finlandês Juho Kuosmanen, vencedor do grande prémio do júri do Festival de Cannes, é um "road movie" que nos transporta até um Inverno do final da década de 1980 e enfia-nos numa esconsa e decrépita carruagem de comboio, para que sejamos testemunhas do desabrochar da relação atípica entre dois jovens adultos aparentemente antagónicos (uma estudante finlandesa alegadamente lésbica e um rude mineiro russo), no decorrer da longa viagem que partilharão entre Moscovo e o Circulo Polar Ártico (local para o qual se dirigem por motivos distintos (ela para visitar figuras rupestres, ele para trabalhar). <br />Uma espécie de "Antes do Amanhecer" (do Richard Linklater) em versão seca e sombria, ou não estivessemos perante uma cinematografia nórdica (e, ainda mais, sendo amplificada pelo recurso a uma crua filmagem em registo 35mm - apesar desta ir ganhando alguma leveza à medida que a conexão entre os dois protagonistas se vai cimentando). <br /> <br />Grosso modo, deparamo-nos com uma história sobre dúvidas existênciais, autoquestionamento, busca do sentido da vida e respeito pela diferença, explorada com simplicidade, empatia e até um certo humor sóbrio.
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3 estrelas

José Miguel Costa

"Compartimento N°6", do cineasta finlandês Juho Kuosmanen, vencedor do grande prémio do júri do Festival de Cannes, é um "road movie" que nos transporta até um Inverno do final da década de 1980 e enfia-nos numa esconsa e decrépita carruagem de comboio, para que sejamos testemunhas do desabrochar da relação atípica entre dois jovens adultos aparentemente antagónicos (uma estudante finlandesa alegadamente lésbica e um rude mineiro russo), no decorrer da longa viagem que partilharão entre Moscovo e o Circulo Polar Ártico (local para o qual se dirigem por motivos distintos (ela para visitar figuras rupestres, ele para trabalhar). <br />Uma espécie de "Antes do Amanhecer" (do Richard Linklater) em versão seca e sombria, ou não estivessemos perante uma cinematografia nórdica (e, ainda mais, sendo amplificada pelo recurso a uma crua filmagem em registo 35mm - apesar desta ir ganhando alguma leveza à medida que a conexão entre os dois protagonistas se vai cimentando). <br /> <br />Grosso modo, deparamo-nos com uma história sobre dúvidas existênciais, autoquestionamento, busca do sentido da vida e respeito pela diferença, explorada com simplicidade, empatia e até um certo humor sóbrio.
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Uma viagem com muitos significados

Paulo Barros

Um Russo e uma Finlandesa conhecem-se a bordo do compartimento n. º6 do comboio que liga Moscovo a Murmansk, cidade acima do círculo polar ártico, numa viagem que se desenrola em pleno inverno Russo. <br />Nesta longa jornada de muitos dias e paragens que o comboio vai efetuando acontecem momentos não programados, surgem outras personagens e a tensão vai-se adensando. O realizador finlandês usa os cenários desolados que projeta ao longo da viagem para realçar a solidão, o sentimento de ausência e desorientação dos dois passageiros do compartimento n.º6 e, ao mesmo tempo, a sua condição humana, composta por várias tonalidades e nuances, em contraste com a frieza e monotonia da paisagem, até à redenção final no local mais improvável do planeta. <br />Também uma excelente reconstituição dos anos 90, imagino eu, do que era a Rússia nesse período, com uma parte musical que nós ocidentais, que conheceram essa década, identificaremos e que encaixa muito bem no filme. <br />Baseado no livro de uma escritora finlandesa.
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