Para ver com atenção, mesmo até ao fim!
Francisco Zuzarte
No “cinema pipoca” que agora todos somos obrigados a ver ouvindo o mastigar do parceiro do lado e o sorver da Coca Cola, é bom que se ouçam os filhos a fazerem muitas perguntas aos pais durante uma sessão de um filme de desenhos animados. Embora possa parecer um contrasenso, já que significa que eles não o estão a perceber, podendo-se por isso levantar a questão se é um filme para maiores de 4 anos, "Carros" tem logo à partida essa vantagem. Estabelece uma ponte entre ambas as partes, tantas vezes falada e tão poucas vezes, quem sabe, posta em prática pela nossa corrida diária. E é mesmo disso que se trata. Na ânsia de ser o melhor, ou mais bem patrocinado, há um carro que tal como na vida tudo fará para ser o melhor, o mais visto e o mais bem pago.<BR/><BR/>Só que um desaire o faz parar numa cidade que, arrumada para canto pela pressa de se poupar alguns minutos numa viagem longa e rápida por uma autoestrada, faz com que haja um grupo de carros desactualizados(?) por terem passado de uma certa idade, esperando que um dia algo mude. Assim o nosso amigo lá vai aprendendo que nem tudo na vida é uma corrida, que há valores mais importantes que ser bem visto e patrocinado.<BR/><BR/>Blá, blá, blá, poderão pensar neste momento. Só que para os nossos filhos - para quem a competição começa desde a escola, com as roupas de marca ou não que usam, com as notas que um tira e outro não, com o individualismo com que parecem já nascer - ver que no fim um carro que se prapara para ganhar a corrida com que sempre sonhou, pára, pensa, volta para trás para ajudar outro a chegar ao fim da sua vida e da meta.<BR/><BR/>Pena que Schumacher, que dá a voz a um dos Ferrari, não o tenha feito uns anos antes; talvez Ayrton Sena estivesse vivo. Parabéns à Pixar pelo filme, pela sempre presente lembrança com que somos sempre brindados antes, neste caso O Homem Orquestra, e finalmente e mais uma vez parabéns à dobragem para português que está fabulosa. A propósito, vejam o filme mesmo, mesmo, mesmo... até ao fim.
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