O Catolicismo consome. Rouba... Rouba sentimentos, vontades, desejos, existências, alegrias, laços familiares. Tudo o que lhe servir. Consome a Alma e rouba a Vida. Há todo este lado negro do Catolicismo com que Javier Fesser nos abala e agita a consciência, se existir, alia a Religião a um Deus.. E duvidamos… Duvidamos se serão aquelas as pessoas a que devemos confessar os nossos pecados. “Camino” é, do início ao fim, prisão e manipulação perversa de pessoas que deixam de ser pessoas, ou que perdem individualidade e pensamento, para servir os interesses profanos de uma catolicidade cega e gananciosa. Por isso perturbante. Assustador. É um filme do passado, do presente e do futuro. “Camino” é também o nome de uma linda criança, muito adulta e ampla na forma de representar. O anjo que se pretende que seja, o demónio que apreende, e a personalidade de alguém à deriva num meio dogmático que tenta ostracizar o direito ao “eu” em cada indivíduo. Nesta personagem, Nerea Camacho revela-se como uma extraordinária actriz a prometer muito mais à sétima arte.

Embora baseado em 3 biografias de Alexia Gonzalez Barros, este filme acabou por ser uma ficção insultuosa para com a menina e para com a família que nunca foi contactada pelo autor e que creio que o processou. Já por isso o júri da Secção Oficial do Festival de San Sebastián o chumbou, acabando por receber os prémios Goya.