Não, de facto não é um filme para crianças, mas nem todos os filmes de animação o são. O desenho está muito bom, cheio de pequenos pormenores e de cores quentes que nos levam ao ambiente. Desde o exagero dos navios aos músculos dos ciclistas, uma das trigémeas que apanha rãs... E é óbvio, os eleitos: o bigode de madame Souza, Bruno, o pobre animal que dia após dia continua a ladrar aos comboios...

Muito bom. Muito inteligente, mas não é para crianças.

É um filme de certa forma arrepiante. O olhar da autora (penso ser uma mulher) é de uma pontaria acutilante sobre tudo onde poisa. Nada aparece por acaso. De facto, nem sei se a dedicatória final aos pais será, também ela, dotada de algum outro sentido. E viva a Madame Souza, sem dúvida o melhor do filme. E que filme!

É de chegar ao fim sem palavras! Bom enredo, brilhante nível gráfico e é inevitável sentir que nos remete para a essência da BD. Os "toques" do quotidiano introduzidos através de tiques e hábitos mostram o envolvimento de uma equipa de conhecedores e observadores da realidade.

Já aguardava por "Belleville" há algum tempo, e superou as expectativas! A banda sonora, os desenhos animados, as personagens, cada pormenorzinho, que delícia! Um conselho: se ainda não viram, fiquem até ao final do genérico!

Um dos mais originais filmes de animacao de sempre! "Belleville..." vai buscar ideias à forma americana dos anos trinta (Betty Boop) passando pelas novas tecnologias digitais de animação. Um filme que não se esquece, com um humor francês quase associado ao de "Delicatessen" e ideias extremamente originais. Claro que o escasso diálogo e uma banda sonora que lembra Stomp inglês (frigorificos, jornais, bicicletas, entre outros) fazem deste filme um fenómeno!

É um filme triste e silencioso, mas ao mesmo tempo animado, mágico, alegre e sensível e possuidor de um grande equilíbrio. É um filme que chama a atenção, que salta à vista e que apesar da tristeza de uma avó portuguesa que perdeu o seu neto, envolve cenas super-enérgicas, em que nos dá vontade de saltar do banco e começar a dançar e acompanhar o excitante ritmo musical! Uma avó apaixonada pela música, mas acima de tudo pelo seu neto. O cão e a avó Souza não vão parar enquanto não encontrarem novamente o brilho das suas vidas. Uma história criativa e alucinante. A não perder!=)