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Antwone Fisher
Título Original
Realizado por
Elenco
Sinopse
Baseado numa história verdadeira e realizado por Denzel Washington (o actor oscarizado em 2002 com “Dia de Treino”), o filme conta a história da vida de Antwone "Fish" Fisher, um marinheiro com problemas comportamentais que é obrigado a ir a um psiquiatra. No início, recusa falar dos seus problemas e dos seus fantasmas, mas as consultas acabam por revelar uma infância de abusos e violência. Com a ajuda do psiquiatra, que preenche a imagem do pai que Fish nunca teve, torna-se numa pessoa melhor e encontra a coragem necessária para curar as feridas do passado e enfrentar os problemas que deixara pendentes. Apesar da história ter todos os ingredientes necessários para se tornar num dramalhão de puxar à lágrima, Denzel Washington torna-o num filme sóbrio protagonizado por Derek Luke e pelo próprio Washington no papel do psiquiatra. PÚBLICO
Críticas Ípsilon
"overacted underacting"
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Voltando a viver
Ricardo Pereira
“Antwone Fisher” pode ser facilmente atacado, graças aos seus defeitos evidentes, ou melhor, gritantes mas o que está por de trás desses defeitos tampouco faz com que este filme mereça o desprezo completo. “Antwone Fisher” é muitas coisas, entre elas mais uma estreia na direcção de um astro hollywoodiano, Denzel Washington. Além disso, esta obra é baseada numa história real, e mostra nas telas mais um relacionamento entre psiquiatra e paciente. A psiquiatria, ao menos tal como é entendida no cinema americano, é uma ciência do poder. Ao médico (ou psicanalista ou terapeuta) não cabe investigar o inconsciente do sujeito, nem colocá-lo em face de si mesmo. Trata-se, antes, de adequá-lo àquilo que a sociedade pede e que ele não está em condições de satisfazer. Nesse sentido, o caso de Antwone Fisher, é exemplar: sub-oficial da Marinha, a tendência a arrumar confusões o expõe a punições e prejudica a sua carreira militar. Ver o psiquiatra é uma das punições a que é submetido por um superior. Por sorte, o psiquiatra que cuida do seu caso, Jerome Davenport (o próprio Denzel Washington), é negro como ele e capaz de perceber a extensão de suas angústias: órfão de pai, abandonado pela mãe, criado em orfanato e depois adoptado por uma família pouco amigável etc. O facto de ser compreensivo não exime Davenport de bater na tecla do poder: como psiquiatra e como superior hierárquico. É a partir do respeito (e do temor) que se orienta a "cura". O duplo poder de que é dotado Davenport transforma-o numa espécie de pai para o rapaz. E não é preciso ser dotado de nenhum saber especial para notar que tudo de que Antwone necessita é de uma figura paterna. Escrito pelo próprio Antwone Fisher a partir de seu livro autobiográfico, o filme é, obviamente, um projecto incrivelmente pessoal – do qual, portanto, não podemos exigir grau algum de objectividade. Nascido em uma prisão, Fisher passou seus dois primeiros anos de vida em um orfanato, sendo posteriormente adoptado pela esposa de um pastor protestante. Porém, em vez de conseguir uma família, o garoto encontrou verdadeiros torturadores, já que era frequentemente espancado por sua mãe adoptiva (e, como se não bastasse, a filha desta abusava sexualmente do menino, que tinha apenas seis anos de idade). Assim, é realmente espantoso que ele tenha conseguido se tornar um adulto funcional (embora agressivo) e – o que é mais incrível – com tanta consciência sobre seu próprio processo de cura emocional.
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