Alma Perdida

Votos do leitores
média de votos
Votos do leitores
média de votos
Comédia Dramática 101 min 2008 M/12 27/05/2010 EUA, FRA

Título Original

Cold Souls

Sinopse

Paul Giamatti (o próprio Paul Giamatti) é um famoso actor de teatro a atravessar uma crise de identidade. Um dia, ao folhear o jornal, dá de caras com o Soul Storage, um laboratório que retira, congela e guarda as almas de forma a libertar as pessoas das suas preocupações diárias. <br />Seduzido pela ideia, resolve submeter-se ao processo e extrair a sua alma torturada, optando por alugar outra, supostamente mais despreocupada. Mas depressa percebe que a ideia não foi brilhante. E, quando regressa ao laboratório para recuperar a sua antiga alma, descobre que esta foi roubada e vendida no mercado negro. A sua alma pertence agora a uma actriz de telenovelas sem talento que, para tornar tudo ainda mais complicado, é casada com um perigoso mafioso russo. Agora, Paul terá de ir à Rússia para poder regressar, de corpo e alma, à sua vida normal. <p> </p>PÚBLICO

Críticas Ípsilon

Alma Perdida

Mário Jorge Torres

Ler mais

Esta coisa da alma...

Jorge Mourinha

Ler mais

Críticas dos leitores

A Alma Pesa-lhe? Então é humano!

Fernando Costa

”Alma Perdida” é um ensaio sobre a alma humana que tem o seu recurso mais valioso num actor fantástico chamado Paul Giamatti. Tudo começa quando Paul Giamatti (interpretado por Paul Giamatti) está com dificuldades em lidar com a sua personagem “Vanya”, da peça de Tchekov com o mesmo nome e que actualmente está a ensaiar. Paul tem dificuldade em desligar-se da personagem, personagem esta que pela sua natureza traz sofrimento a Paul que decide procurar ajuda -dirige-se a empresa que extraí e armazena almas para se ver livres de todos os sentimentos que o perturbam. Após a extracção da sua alma, Paul começa a sentir as consequências do seu acto fazendo-o mudar de ideias, querendo a sua alma de volta. Só que a alma de Paul é entretanto perdida no meio de uma história que envolve tráfico de almas para a Rússia. Sem alma e sentindo-se pessimamente Paul aluga a alma de um suposto poeta Russo enquanto tenta recuperar a todo custo a sua própria. Sophie Barthes, argumentista e realizadora da película, tem aqui a sua estreia na realização de uma longa-metragem (previamente tinha dirigido duas curtas-metragens “Happiness” (2006) e “Zimove vesilya” (2004)). A película de Barthes é uma aproximação dramático-cómica, bem trabalhada, a um momento onde os seres humanos têm cada vez mais dificuldade em lidar com a angústia da sua existência e com o sofrimento (Paul diz num segmento do filme “…eu não quero ser feliz, só não quero sofrer…”). Quer isto tenha acontecido porque o mundo e a sociedade que criamos é muito mais agressivo que no passado ou porque nos países ditos civilizados nos habituamos a um nível de vida mais confortável e temos dificuldade em lidar com o sofrimento, a verdade é que simplesmente não queremos em nenhum momento sentir-nos mal. Nos primeiros minutos desta película Paul interpreta um trecho da peça de Tchekov onde a sua personagem expressa um sentimento de vida desperdiçada (a angústia é tanta que Vanya diz só desejar esquecer tudo para trás e que amanhã vivesse alguma coisa verdadeiramente nova). Tão importante como o texto é a fantástica interpretação de Paul Giamatti, que interpreta na sequência os sentimentos da sua personagem misturados com os sentimentos pessoais da personagem Paul Giamatti. Imediatamente nos apercebemos que estamos a jogar com a fina fronteira entre personagem e actor - e este facto é tão mais evidente quanto Paul Giamatii está a fazer de ele próprio no filme. Isto está evidentemente relacionado com o conceito de identidade - afinal o que é a identidade de um indivíduo? Aqui entra o conceito de alma de Barthes: a alma é a parte de nós capaz de sentimento e conexão emocional e é em última instância a nossa identidade. Depois de a alma de Paul ser desincorporada ele pára de se sentir angustiado mas também se torna insensível, começa a sentir-se vazio e torna-se incapaz de “jogar” (leia-se capacidade de exprimir sentimentos como actor). Num outro nível o actor pode neste filme ser visto neste como um transportador temporário de almas - cada vez que interpreta uma nova personagem transporta uma nova alma (tal e qual como as "mula" Russa do filme envolvidas no tráfico de almas). Barthes quer provar que dor e sofrimento são parte do que nos faz humanos porque apenas se sentirmos é que somos humanos e a nossa identidade enquanto ser é composta da soma dos sentimentos e das experiências durante a vida (não se confunda este período com o conceito de "sofrimento na vida para atingir o paraíso" – o conceito de alma de Barther está muito longe de qualquer conceito religioso ou espiritual). O momento em que decidimos parar de sentir é o momento em que paramos de existir enquanto humanos e o nome original do filme “Almas Frias” é precisamente uma referência às almas que pararam de sentir e se tornaram frias. Barthes também toca em outros conceitos de identidade/alma, nomeadamente em relação ao sentimento que a maioria de nós tem em algum ponto de vida em que queremos ser outra pessoa, mas este tópico é menos trabalhado. Globalmente Sophie Barthes escreve um argumento inteligente (ao mesmo tempo dramático e cómico) e consegue transpô-lo para o grande ecrã. Não é um filme genial, falta-lhe mais força, mas é uma primeira obra interessante. Paul Gamatti, como nós dissemos antes, é excelente durante todo o filme. Quanto ao resto do elenco, Emily Watson é regular assim como é Dina Korzun no papel de Nina, a “mula” Russa, sem nunca atingirem o nível de Giamatti. *** (2.75/5)
Continuar a ler

Envie-nos a sua crítica

Preencha todos os dados

Submissão feita com sucesso!