Quem está à espera de ver Sharon Stone como mulher fatal, dedicada a perversos jogos de sedução, vai ter uma surpresa em "A Última Dança". No filme de Beresford, Stone protagoniza a assassina confessa Cindy Liggett, que se encontra no corredor da morte de uma prisão norte-americana. Depois de esgotados quase todos os recursos legais para impedir a execução, a sua última esperança reside em Rick Hayes (Rob Morrow), um jovem advogado, muito mimado e endinheirado. A questão essencial de "A Última Dança" é a pena de morte, o que talvez explique o fraco acolhimento que o filme teve nos EUA. Em relação ao trabalho de Stone, a crítica dividiu-se entre os que consideraram a sua interpretação péssima (a actriz foi nomeada, em 1997, para um Razzie, distinção que premeia os piores actores), e os que, pelo contrário, o descreveram como um dos seus melhores desempenhos, a par de "Casino". A juntar a tudo isto acresce a inevitável comparação com "A Última Caminhada", de Tim Robbins, que se estreou no ano anterior e que tinha por tema a mesma questão. O realizador australiano Bruce Beresford fez uma aposta arriscada ao dirigir "A Última Dança", mas o resultado acabou por ser positivo. Margarida Vieira da Silva