"A Promessa de Hasan", escrito e realizado pelo turco Semih Kaplanoglu, transporta-nos até à zona rural do noroeste da Turquia para dar-nos a conhecer o protagonista do título do filme, um proprietário relativamente abastado para os padrões económicos da região, que aparenta ser um indivíduo sereno, piedoso e até algo ingénuo.
No entanto, à medida que a acção (pausada e contemplativa) decorre, e sobretudo após este ter sido seleccionado para a peregrinação a Meca (que obriga ao pedido de perdão àqueles que, porventura, prejudicou no passado), vamo-nos apercebendo, através de uma sucessão de subtis episódios incorporados numa narrativa marcadamente humanista/espiritualista e metafórica, que estamos em presença de um potencial sonso e interesseiro/manipulador (ou, no mínimo, de um sujeito ambivalente propenso às pequenas corrupções diárias).

Trata-se de uma obra "moral" (contudo, não maniqueísta ou julgadora) de uma esmagadora beleza estética (que privilegia a imagem com cores saturadas e o intercalar de magníficos grandes planos gerais com planos de detalhe minuciosos), com um dos finais mais impactantes que vi nos últimos anos.
Pena que o seu brilho seja esmerecido por um ritmo excessivamente lento.