"A Mente dos Famosos" não é um "indie" mas parece, tem estrelas mas estas mandam o seu egocentrismo ao tapete; é um filme desequilibrado e não é um excelente filme mas é interessante. "A Mente dos Famosos" tem como protagonista central, Henry Carter (Kevin Spacey), um psiquiatra de renome de Los Angeles, com vários livros publicados e analista de várias celebridades. Só que Carter, em processo de luto pela morte da sua mulher, está em crise. Após o sucedido todo o seu trabalho lhe parece falso, sente que não consegue ajudar os seus pacientes e consome marijuana sempre que pode para apagar a dor. Eis quando uma rapariga adolescente, Jemma (Keke Palmer), lhe é entregue para ser sua paciente, contra a sua vontade, vinda de um bairro muito longe de Hollywood Boulevard. Mas quando Carter se apercebe que a sua nova paciente também perdeu a sua mãe após esta se ter suicidado estabelece-se uma relação terapêutica que não só vai ajudar Jemma mas também Carter. Mas Jemma e Carter não estão sozinhos nesta trama, temos o famoso actor (Holden intrepertado por Robin Williams) com problemas de fidelidade, um agente supercontolador de Hollywood a desenvolver um quadro obsessivo-compulsivo, um actor jovem protagonista de "blockbusters" que quer fazer melhores filmes, uma actriz que na casa dos trinta que começa a ser considerada velha e uma aspirante a estrela de cinema que está disposta a quase tudo para chegar onde quer. E como Carter a maioria destas personagens consumiu ou consome drogas (para escapar à dolorosa realidade?). Perguntarão se não existem personagens normais neste filme? Bom temos ainda o escritor (Jeremy - Mark Webber) à procura de inspiração para escrever um argumento e que deseja ser cliente de Carter, a assistente do super-agente referido (Daisy Pell James) que é barriga de aluguer da irmã e não podemos esquecer o "dealer" (de nome Jesus) com quem Carter frequentemente conversa. O argumento de "A Mente dos Famosos" poderia dizer-se ser tipicamente "indie" - é um argumento muito dependente de personagens, que recusa a olhar de forma glamorosa, é altamente dependente do diálogo e tem ritmo e humor à "indie". O que não é típico de um filme "indie" são as personagens Hollywoodianas que povoam o filme. E é neste aspecto que a personagem Jemma toma mais significado - a exterioridade ao mundo de Hollywood vai permitir um contraponto. Jemma é sem dúvida a personagem mais "real" de todas e a que vai estar na origem da mutação; é como se as outras personagens estivessem encerradas numa bolha (Hollywood) e precisassem de um "wake up call" do mundo real. É claro que tudo isto é no fim reciclado quando inspirado em Jemma, Jeremy consegue escrever um guião que vai funcionar como comburente da catarse das personagens/filme e que vai finalmente dar rumo as personagens (isto é bem Hollywoodiano e está em contraponto ao resto do filme!!!). Um certo sentimento de paragem no tempo contamina o filme que por vezes parece não saber para onde se dirige e parece estar parado simplesmente a contemplar a crise dos seus personagens. Este sentimento parece originar-se das próprias personagens, em crise existencial, que por grande período de filme estão também neste estado - parecem não ir a lado nenhum. O humor não é banal mas também não tem grandes rasgos de originalidade. Embora não se possa dizer que as personagens não são trabalhadas, algumas são pouco aprofundadas e existem situações que mereciam melhor exploração. Relativamente aos actores comecemos por Kevin Spacey num registo subtil, apagando a sua "persona" cinematográfica e conseguindo um bom desempenho. O mesmo se pode dizer de Robin Williams, este num papel secundário. Robert Loggia aparece seguríssimo no papel do pai de Carter. Os actores mais novos conseguem boas interpretações, sendo o mais exuberante sem dúvida Dallas Robert que interpreta o papel de agente. Resumindo, "A Mente dos Famosos" é um "indie" sobre personagens Hollywoodianas, o que poderia resultar num trabalho interessante mas o filme custa a encontrar o seu caminho e se nunca atinge níveis abaixo do regular também não é um grande filme. A ver ** (1,75/5)